As negociações internacionais destinadas a criar um tratado global contra a poluição de plásticos chegaram ao fim sem acordo, após uma semana de intensos debates em Busan, na Coreia do Sul. O impasse foi provocado pela oposição de um grupo de países produtores de petróleo, que rejeitaram algumas das propostas apresentadas. A falha nas negociações tem sérias implicações para o futuro da luta contra a poluição ambiental, que afeta os oceanos, os solos e até a saúde humana.
O diplomata equatoriano Luis Vayas Valdivieso, que presidiu os debates, explicou que as questões pendentes eram complexas e exigiam mais tempo para serem resolvidas de forma eficaz. Entre os pontos de discórdia, destacam-se três questões-chave: a necessidade de reduzir a produção global de plástico, a definição de uma lista de produtos e moléculas perigosas para a saúde e a questão do financiamento para apoiar os países em desenvolvimento na luta contra a poluição.
As negociações decorreram durante uma semana, com a participação de mais de 170 países que tentaram encontrar uma solução para a crescente poluição por plásticos. A produção global de plásticos, que já triplicou desde 2019, pode continuar a crescer de forma alarmante, podendo alcançar 1,2 mil milhões de toneladas até 2060, segundo a OCDE. A inação nesse sentido poderá triplicar a poluição por plásticos, com consequências devastadoras para o meio ambiente e a saúde pública.
Embora os delegados de diversos países tenham tentado construir um acordo ambicioso que abrangesse todo o ciclo de vida do plástico, desde a sua produção até a reciclagem, os países produtores de petróleo, como a Rússia, a Arábia Saudita e o Irão, defenderam uma abordagem mais restrita, limitando-se à gestão e reciclagem dos resíduos plásticos. Esta divergência de posições levou a discussões prolongadas e infrutíferas, como revelou um diplomata europeu, que descreveu reuniões intermináveis e discussões sobre pormenores insignificantes.
A frustração entre os países que defendem uma ação mais robusta foi crescente, com a “Coligação de Altas Ambições” a alertar para as consequências desastrosas da falta de acordo. A organização ambientalista Greenpeace também se manifestou, sublinhando os danos irreparáveis para o planeta e para as comunidades mais afetadas pela crise ambiental.
Apesar das promessas de uma nova ronda de negociações em 2025, o fracasso atual representa um retrocesso significativo na luta contra a poluição plástica global. A data e o local exatos da próxima reunião ainda não foram divulgados, deixando a esperança de um acordo eficaz cada vez mais distante.