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Fuzo e GNR colaboravam com neo-nazis do movimento Armilar

E. Sequeira, militar da GNR, e Ricardo D., um fuzileiro da Marinha, colaboraram com o Movimento Armilar Lusitano (MAL), grupo neonazi desmantelado esta semana numa operação da Unidade Nacional de Contra-Terrorismo da Polícia Judiciária que fez seis detidos.

O fuzileiro e o Guarda terão fornecido equipamentos e armas ao Movimento Armilar Lusitano, alguns enviados do estrangeiro por correio. Outros militares deram formação sobre uso de armas de fogo e movimentos de combate aos neonazis que esconderam parte do arsenal numa casa em Torres Vedras. Objetivo do grupo era criar uma milícia armada para derrubarem o governo socialista.

Pode haver militares envolvidos no grupo neonazi desmantelado esta semana. Um GNR e um fuzileiro que terão ajudado o agente da PSP a reunir armas para os ataques que estariam a ser preparados, afiançam fontes policiais.

Outros militares deram formação sobre uso de armas de fogo e movimentos de combate aos elementos do Movimento Armilar Lusitano (MAL ) que esconderam parte do arsenal numa casa em Torres Vedras. Objetivo do grupo era criar uma milícia armada para derrubarem o governo socialista, avança o Jornal de Notícias.

Segundo fontes policiais, o militar da GNR decidiu suspender as funções na GNR e emigrar para a Polónia, onde trabalha no comércio de armas. Dali ajudou o amigo Bruno Gonçalves (chefe da PSP detido na Operação Desarme 3D) a armazenar o arsenal necessário à luta armada desejada pelo MAL.

A investigação da PJ à milícia apurou que, em julho de 2023 e janeiro do ano passado, Bruno Gonçalves recebeu duas encomendas postais contendo, suspeitam as autoridades, armamento. Em março de 2023, o chefe da PSP também foi a Sintra buscar munições de 9 mm que pertenciam ao guarda em licença de serviço. E foi ainda o militar da Guarda que agilizou a compra de cinco capacetes blindados para elementos do movimento neonazi. Polícia e militar eram tão próximos que o segundo pernoitou 19 dias na casa de Bruno Gonçalves quando, em junho do ano passado, veio de visita a Portugal.

Encomendas recebidas

As autoridades apuraram ainda que Nuno Pais recebeu, em setembro de 2023, um saco das mãos de um fuzileiro da Marinha no ativo. O saco continha fatos camuflados e outro material que a PJ não conseguiu descobrir.

Na vigilância feita aos radicais, a PJ concluiu que a cúpula do MAL pretendia adquirir e fabricar o maior número possível de armas. Com esse objetivo, Bruno Gonçalves recorria ao seu estatuto de agente policial para convencer armeiros e colegas a cederem-lhe, de forma legal, pistolas e munições. Noutras situações, adquiriu armamento em lojas online, uma das quais com sede em Itália, e recebia o material em casa. A PJ contabilizou, de 2022 e maio deste ano, 79 encomendas em nome do chefe da PSP.

Já Bruno Carrilho recebeu 108 encomendas com armas e material para fabricar pistolas nas impressoras 3D que o grupo de extrema-direita possuía. Bruno Carrilho chegou ainda a apresentar um requerimento na Suíça, onde esteve emigrado, para comprar pistolas. Alegou que praticava tiro desportivo.

Esta era uma das estratégias do MAL. Os dois líderes sugeriam aos seguidores tornarem-se praticantes de tiro ou caçadores para adquirirem armas legalmente.

“Guerra civilizacional”

Com inspiração em grupos estrangeiros, especialmente os “Cidadãos do Reich”, movimento composto por ex-militares e polícias que pretendia tomar o poder na Alemanha através de ações violentas, o MAL, apurou a investigação da PJ, começou por espalhar, online, uma narrativa em torno de um “cenário de guerra civilizacional” causada pelas migrações e com o intuito de alcançar a “substituição demográfica dos brancos”. E, a partir de 2021, apostou no recrutamento de seguidores.

A ideologia nacionalista e de incitamento ao ódio e violência contra imigrantes depressa cativou elementos de grupos de extrema-direita como os “Gárgulas de Portugal”, “Soldiers of Odin, “Nova Ordem Portuguesa” e “Nova Ordem Social”, fundada por Mário Machado. Porém, nem todos eram admitidos, uma vez que os candidatos eram rigorosamente escrutinados pela cúpula do MAL antes de serem integrados no movimento.

Obrigados a preencher boletins com dados biográficos, constituição física e profissão, também tinham de indicar as aptidões militares ou conhecimentos sobre primeiros socorros.

Seguia-se a resposta a um questionário online, que servia para o ex-emigrante Bruno Carrilho avaliar o nível de radicalização de cada um, e os que eram aprovados submetiam-se a uma entrevista presencial conduzida pelo polícia Bruno Gonçalves.

Quem cumprisse os requisitos definidos pela direção do MAL era adicionado a grupos fechados de Telegram e Signal e, depois, integrado numa das “bolsas de resistência” criadas em pontos estratégicos do país. Estas estruturas, sob a capa de jogos de airsoft e paintball, promoviam treinos e formação militar aos seus elementos, porque a estratégia do MAL era, à semelhança da preconizada por movimentos nacionalistas noutros países, substituir os atuais organismos do Estado pela luta armada.

Impressoras 3D

O MAL adquiriu impressoras 3D para imprimir armas, granadas e explosivos. As máquinas foram apreendidas pela PJ.

Em 2021, o oficial da PSP Pedro Moura já tinha alertado, numa reportagem do JN, que as impressoras 3D eram uma “ameaça emergente”. A Europol também chamou a atenção para o perigo.

Através de um programa de computador, a máquina 3D imprime sucessivas camadas de plástico até completar o molde da arma desenhado previamente. Alguns modelos de armas 3D são finalizados com peças em metal.

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