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Jovens tomam as rédeas do campo em Castelo Branco

No distrito de Castelo Branco, a sucessão geracional no sector agrícola ganha força com novas empresas lideradas por jovens agricultores. Aposta em culturas alternativas, modernização e investimento público marcam o presente e moldam o futuro da região.

No coração do Interior Centro, um movimento silencioso, mas decisivo muda o perfil agrícola do distrito de Castelo Branco. Jovens agricultores, com menos de 40 anos, estão a assumir explorações familiares ou a criar novos negócios ligados à terra. Aproveitam apoios comunitários e nacionais, investem em inovação e trazem uma nova energia ao campo.

Entre 2020 e 2025, a entrada de jovens no sector primário intensificou-se. Os programas de apoio à instalação de novos agricultores concedem prémios até cinquenta mil euros, com majorações em zonas desfavorecidas, e financiamento a fundo perdido para investimentos em equipamentos, maquinaria e requalificação de infra-estruturas agrícolas. Muitos destes jovens optam por recuperar terrenos abandonados, reabilitar vinhas antigas ou apostar em produções alternativas.

Rendimento cresce

O valor médio anual da produção agrícola no distrito de Castelo Branco situou-se, neste quinquénio, entre os 115 e os 130 milhões de euros. A tendência tem sido de crescimento moderado, mas sustentado, reflectindo a entrada de novos agentes e o aumento do valor acrescentado de algumas fileiras.

A vitivinicultura continua a liderar. A produção de vinho na região demarcada da Beira Interior ronda os 40 000 hectolitros por ano, com crescimento médio de cinco por cento, impulsionado por práticas mais modernas, valorização da marca regional e o reforço do enoturismo. Há ainda investimentos em adegas cooperativas e vinhos de autor, que contribuem para a retenção de valor no território.

Mas o futuro não se faz só de tradição. Algumas das novas empresas têm vindo a testar culturas até recentemente inexistentes na região, como ervas aromáticas para cosmética e infusões, produção hidropónica, frutos vermelhos, lavanda, cânhamo industrial e outras soluções de agricultura regenerativa. A intenção não é apenas diversificar — é criar nichos de mercado com maior rentabilidade e adaptabilidade às alterações climáticas.

Ambiente mais protegido

Esta geração está também mais desperta para a sustentabilidade. Aposta em sistemas de rega gota-a-gota com sensores de humidade, energias renováveis nas explorações, compostagem, rotação de culturas e integração de tecnologias digitais. A monitorização por drones, os sistemas de gestão remota e a utilização de dados meteorológicos em tempo real são já uma realidade em algumas explorações lideradas por jovens.

Apesar deste dinamismo, os desafios persistem. O acesso à terra, a burocracia na obtenção de licenciamentos, a escassez de mão-de-obra especializada e os custos de contexto continuam a dificultar a vida dos novos agricultores. Ainda assim, muitos resistem — e persistem — por vocação, por convicção ou por perceberem que existe uma oportunidade real de vida digna ligada à agricultura.

O movimento de sucessão geracional em curso em Castelo Branco tem potencial para transformar estruturalmente o sector agrícola local. A entrada de sangue novo, mais qualificado e tecnologicamente preparado, representa uma oportunidade para o distrito ganhar protagonismo na agricultura do século XXI. Se os apoios se mantiverem e a política pública acompanhar esta dinâmica, Castelo Branco poderá ser, num futuro próximo, exemplo nacional de como fixar jovens no território e valorizar a agricultura como actividade económica de futuro.

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