O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, afirmou neste sábado não temer a possibilidade de novas eleições, caso o Orçamento Regional de 2025 seja reprovado. O líder social-democrata aproveitou a ocasião para criticar a postura da oposição e reforçar a importância da aprovação orçamental para a estabilidade da região e do país
Durante uma visita a um complexo habitacional em Machico, Albuquerque apelou à “responsabilidade” dos partidos para aprovarem o Orçamento, destacando que governar em duodécimos traz “impactos devastadores para a economia, para as empresas e para os cidadãos”. Segundo o líder madeirense, o atual contexto exige consenso: “Portugal não pode voltar a eleições passados seis meses das últimas eleições. Temos que ter a consciência que é fundamental termos um Orçamento”.
Críticas à oposição e defesa da proposta orçamental
Miguel Albuquerque foi enfático ao criticar os partidos que já anunciaram voto contra na proposta orçamental de 2025, acusando-os de “chalupice política” e de viverem “num mundo paralelo”. Apesar das divergências, ele apontou a contradição de opositores que reconhecem a qualidade do documento: “Até os próprios partidos que vão votar contra dizem que o orçamento é bom”, ironizou.
O Orçamento Regional de 2025, apresentado na última sexta-feira, alcança valores recordes: 2.611 milhões de euros no orçamento global e 1.112 milhões de euros no Plano de Investimentos. Albuquerque defendeu que se trata de uma proposta que “serve a toda a gente”, enquanto destacava o papel essencial de evitar uma crise política que prejudique ainda mais a população.
“Sem medo” de novas eleições
Apesar do apelo por estabilidade, Albuquerque assegurou que está preparado para enfrentar novas eleições, caso o Orçamento seja rejeitado. “A única pessoa que não tem problemas com eleições sou eu neste momento na Madeira”, afirmou. Segundo ele, os partidos que tentam desestabilizar o governo temem enfrentar o eleitorado: “Andam a jogar à bisca com valetes, mas quem tem o às de trunfo é o povo”.
A atual configuração da Assembleia Legislativa Regional, resultado das eleições antecipadas realizadas em maio, reflete um cenário de difícil governabilidade para o PSD. O partido e o seu aliado CDS-PP juntos somam 21 deputados, insuficientes para a maioria absoluta. A oposição é composta por 11 deputados do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois da IL, e um do PAN.
Crise política e novos desafios
A crise política na Madeira se agravou no início do ano, após Miguel Albuquerque ser constituído arguido em uma investigação judicial que envolvia indícios de corrupção. Sua demissão levou à realização de eleições regionais antecipadas em maio, mas o resultado eleitoral trouxe desafios para a estabilidade governativa.
Agora, com uma moção de censura do partido Chega prevista para 17 de dezembro, Albuquerque enfrenta mais um teste à sua liderança. Apesar disso, ele mantém o discurso confiante: “Estou preparado para eleições quando vierem”.
A aprovação do Orçamento Regional será debatida entre 9 e 12 de dezembro no parlamento madeirense, com expectativa de novos embates políticos que podem ditar o futuro do governo regional.