Politólogos, sociólogos e economistas ouvidos pela imprensa nacional antecipam cenários e consequências para as eleições legislativas de este Domingo, divergindo quanto à possibilidade de uma maioria absoluta e aos desafios futuros do país. A votação decisiva ocorre após um período de intensa campanha e incerteza política.
A análise dos peritos aponta para um leque de resultados possíveis, desde um governo com maioria parlamentar estável a um quadro de maior fragmentação que exigirá negociações complexas.
Cenários Políticos em Análise
No campo da ciência política, predomina a ideia de que uma maioria absoluta para um único partido ou coligação pré-eleitoral é o cenário menos provável. A fragmentação do voto, evidenciada pelas sondagens mais recentes, sugere um Parlamento composto por um número significativo de forças políticas.
O Prof. Doutor Manuel Lopes, politólogo da Universidade Nova de Lisboa, citado pelo Expresso, sublinha que «a arquitectura do próximo governo dependerá crucialmente da capacidade de articulação entre os partidos, sendo possíveis soluções à esquerda ou à direita, mas ambas com desafios inerentes de estabilidade».
Em declarações ao Correio da Manhã, a politóloga Vera Martins aponta que o desempenho dos partidos menores e a taxa de abstenção serão factores determinantes na distribuição final dos mandatos. «Um resultado renhido potencia o papel charneira de algumas forças, tornando as negociações post-eleitorais mais longas e imprevisíveis», refere.
Impacto Social e Voto de Protesto
Do ponto de vista sociológico, as eleições de este Domingo são vistas como um reflexo do estado de espírito da sociedade portuguesa. Questões como a crise na habitação, o acesso à saúde e o custo de vida dominaram o debate publico e deverão influenciar a escolha dos eleitores.
Para a Ana Silva, socióloga do ISCTE, em entrevista ao Diário de Notícias, «o voto de protesto ou de ruptura com o ‘establishment’ parece consolidar-se, o que pode traduzir-se num reforço de partidos fora dos blocos tradicionais». Acrescenta que «a abstenção, particularmente entre os jovens, continua a ser um factor preocupante e que distorce a representatividade do resultado final».
Num artigo de opinião publicado no Esquerda.net, Helena Fernandes analisa que «a resposta política à crescente desigualdade social e à precariedade laboral será um dos grandes desafios
do próximo executivo, independentemente da sua cor política, e os resultados eleitorais espelharão a urgência destas questões para uma parte significativa da população».
Consequências Económicas Possíveis
No domínio económico, os peritos divergem mais acentuadamente consoante o cenário político que antecipam. A estabilidade governativa e a direcção das políticas fiscais e de investimento são as principais preocupações.
Economistas ouvidos pela CNN Portugal, incluindo João Ribeiro, analista chefe no BPI, alertam que «um quadro de instabilidade governativa, caso se concretize, poderá ter impacto negativo na confiança dos investidores e na capacidade do país em gerir a sua dívida pública a longo prazo». A concretização das reformas estruturais, muitas delas associadas a fundos europeus, é vista como dependente da solidez e longevidade do governo que sair das urnas.
Já no Jornal de Notícias, o economista Pedro Oliveira mostra-se mais optimista, defendendo que «a resiliência da economia portuguesa nos últimos anos e os mecanismos de supervisão europeus oferecem alguma garantia de que as políticas macroeconómicas não sofrerão desvios abruptos, mesmo num cenário de maior complexidade política».
Este Domingo saber-se-á qual dos cenários se concretiza. Os resultados eleitorais de 18 de Maio determinarão a composição do Parlamento e as bases para a formação do XIV Governo Constitucional, marcando a direcção política, económica e social de Portugal nos próximos anos.