A Polónia decidiu excluir o embaixador da Hungria em Varsóvia da cerimónia de inauguração da sua presidência do Conselho da União Europeia, prevista para esta sexta-feira à noite. A medida surge como resposta à decisão de Budapeste de conceder asilo político a Marcin Romanowski, ex-ministro-adjunto da Justiça do governo húngaro, procurado pela justiça polaca por suspeitas de corrupção.
A decisão foi revelada pela subsecretária de Estado para os Assuntos da União Europeia da Polónia, Magdalena Sobkowiak-Czarnecka, em declarações à televisão pública do país. Em dezembro passado, as autoridades húngaras anunciaram a concessão de asilo a Romanowski, figura do antigo governo de extrema-direita do partido Lei e Justiça (PiS), que é acusado de crimes relacionados com a gestão de um fundo destinado ao apoio às vítimas de criminalidade.
O ex-ministro é alvo de acusações por parte do Ministério Público da Polónia, que o acusa de ter desviado ou tentado desviar quase 40 milhões de euros entre 2019 e 2023, quando supervisionava o referido fundo. A Polónia considerou a ação de Budapeste uma “hostilidade” e, como consequência, o ministro dos Negócios Estrangeiros polaco enviou uma comunicação ao embaixador húngaro, informando-o de que não seria bem-vindo na cerimónia de inauguração da presidência polaca do Conselho da União Europeia.
Este episódio ocorre num contexto de crescente tensão nas relações entre Varsóvia e Budapeste. A Polónia, que assumiu no dia 1 de janeiro a presidência rotativa do Conselho da União Europeia, pretende dar prioridade à segurança dos 27 Estados-membros do bloco comunitário durante o seu mandato, até junho deste ano. A segurança externa, interna, informativa, económica, energética, alimentar e sanitária são as áreas de maior foco da presidência polaca, que ocorre num momento particularmente sensível, com a guerra na Ucrânia a completar quase três anos e o Médio Oriente imerso em tensões e conflitos.
A Polónia sucede assim à Hungria, governada pelo polémico primeiro-ministro Viktor Orbán, na presidência semestral do Conselho da União Europeia, uma mudança que sublinha as diferenças políticas e diplomáticas que marcam as relações entre os dois países, ambos membros da União Europeia, mas com trajetórias e políticas divergentes em vários aspetos.
A decisão de Varsóvia de excluir o embaixador húngaro é vista como mais um episódio na crescente fricção entre os dois países, cujas posições em questões-chave, como o Estado de direito, a política de imigração e a resposta a crises geopolíticas, têm gerado debates acesos dentro da União Europeia.