Depois de ter atingido valores recorde nos últimos dois anos, o preço do azeite pode sofrer uma redução entre 20% e 30% já a partir da próxima campanha. Ou seja, lá para o fim do ano, muito próximo do Natal. A quebra do consumo e o aumento de produção, previsto para o este ano, são fatores que influenciam a descida do preço.
Foram dois anos sempre a subir. O azeite atingiu valores históricos em épocas de seca e de fraca produção com a garrafa a custar mais de 11 euros, um aumento de 150%. Mas isso está prestes a mudar.
A quebra da produção de azeitona, sobretudo em Espanha, fez disparar o preço do azeite nos supermercados. Um ano mais chuvoso abre, contudo, as perspetivas de um aumento da produção, que deverá permitir uma diminuição do preço mais para o final do ano, antecipa Jorge de Melo, presidente executivo da Sovena, empresa que em 2023 faturou 1,72 mil milhões de euros.
“Diria que no final do ano podemos viver um ambiente de preços sensivelmente mais baratos do que os atuais”, afirma o gestor em entrevista ao ECO, admitindo “baixas entre 15% e 20%”.
A dois meses do início da campanha deste ano os olivicultores não têm dúvidas que a produção vai estar em alta. A redução deverá andar entre os 20 e os 30% o que fará baixar o preço da garrafa para os 6 ou 7 euros. Uma descida inevitável para retomar o consumo que caiu mais de 20% consequência do preço elevado.
Todavia, o preço do azeite só não voltará aos valores praticados antes da crise porque os fatores de produção estão bastante mais caros. E, também, porque em Portugal, o circuito logístico é curto, ou seja, os operadores não têm grandes stocks. Por isso, segundo o gestor da Sovena, no final do ano podemos viver um ambiente de preços sensivelmente mais baratos do que os atuais.
No entanto, como garantem produtores e distribuidores, é impossível que os preços voltem aos níveis em que já estiveram, de dois e quatro euros por litro. “Acho que dificilmente irão para níveis tão baixos como tivemos nos últimos dez, 15 anos, também porque os fatores de produção, os inputs, estão todos mais caros”, afiançam.
Por outro lado, Ignacio Silva, gestor da marca de azeite Deoleo, citado pelo jornal espanhol El Economista, confirma as previsões do seu homóloogo português de descida do preço do azeite a partir de setembro e diz acreditar que a colheita será boa porque nas últimas semanas não existiram fenómenos de calor extremo, sendo que a somar a isto as reservas de água são boas devido à chuva que caiu.
A Deoleo, que opera em Espanha, prevê uma normalização dos preços a partir de setembro em território ibérico.
Entre abril de 2023 e abril deste ano, de acordo com a DECO PROteste, o preço do litro de azeite subiu 62%, passando dos 7,4 euros para 12 euros. O consumidor português só deverá sentir o efeito da descida do preço do azeite depois da próxima campanha que será no final do ano.
