As eleições na Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL), necessárias depois da demissão do presidente da Câmara de Loures da presidência, foram marcadas para 10 de Janeiro. As eleições para a sucessão de Ricardo Leão devem fazer-se com três candidatos. Além do antigo secretário de Estado Miguel Prata Roque e do gestor Pedro Pinto de Jesus, também o antigo presidente da AICEP, Filipe Costa, vai juntar-se à corrida para presidente da federação socialista.
A demissão de Ricardo Leão na sequência das polémicas declarações do autarca de Loures que queria despejar de casas municipais quem se tivesse envolvido nos desacatos ocorridos na sequência da morte de Odair Moniz abriu uma crise naquela que é uma das maiores estruturas do PS. Esta quarta-feira, a Comissão Federativa da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) reuniu-se para decidir de que forma será feita a sucessão. Mas, além de Miguel Prata Roque e de Pedro Pinto de Jesus, o vice-presidente de Ricardo Leão na FAUL, Filipe Santos Costa será também candidato.
A comissão política da federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS aprovou por unanimidade a convocação de eleições intercalares para o dia 10 de janeiro, mas apenas para o cargo de presidente, para evitar evita a realização de um congresso federativo, que será sempre dispendioso e fará com que o processo se arraste. Da reunião socialista saiu mais um possível candidato à sucessão: Filipe Costa.
Os candidatos a esta luta numa das maiores federações distritais do PS têm até 27 de dezembro para apresentar candidaturas. O antigo presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal e também vice -presidente da FAUL aproveitou logo a reunião que deu seguimento ao processo de demissão de Leão para anunciar a sua disponibilidade para se candidatar a presidente.
Filipe Costa confirmou, por mensagem escrita, que está “a ponderar” e que não fecha “a porta a essa possibilidade”. Foi afastado da AICEP pelo atual Governo, em junho passado, é próximo de Ricardo Leão e apontado no partido como um dos apoiantes de José Luís Carneiro nas últimas directas do PS.
Miguel Prata Roque foi o primeiro a apresentar-se como candidato a congregar essencialmente o voto livre, uma vez que não tem peso na estrutura socialista, mas conta já com o apoio de alguns carneiristas mas também de pedronunistas.
É que, Prata Roque, tendo apoiado Pedro Nuno Santos (de quem se aproximou no Governo) nas últimas diretas, tem estado desde a JS em grupos opostos aos de Pedro Nuno, tendo sido sempre mais centrista do que o atual secretário-geral.
Pedro Pinto de Jesus é o vice-presidente de Ricardo Leão, sendo por isso o candidato da continuidade. Mas tem outro trunfo: é bastante próximo de Duarte Cordeiro, que é talvez a pessoa mais influente na máquina socialista e mais ainda em Lisboa, onde controla todas as tropas (mais até do que Pedro Nuno).
Durante a reunião da comissão política, o vice presidente da FAUL, Pedro Pinto de Jesus, foi desafiado por alguns membros da comissão política para avançar com uma candidatura à FAUL, mas não fez qualquer anúncio nesse sentido no decorrer dos trabalhos — nessa noite foi incentivado em intervenções das concelhias de Odivelas, Mafra e Oeiras (Odivelas faz parte do conjunto com maior
peso eleitoral). Pinto de Jesus ficou como presidente interino depois da saída de Leão e já tinha assumido as mesmas funções anteriormente, quando Duarte Cordeiro integrou o secretariado nacional do PS, abandonando a presidência da federação.
Contudo, a influência de Duarte Cordeiro, que é secretário nacional do PS e foi presidente da FAUL nos últimos anos, continua a sentir-se nesta estrutura socialista, tanto que Ricardo Leão, autarca de Loures, era o nome que tinha apoiado para a sua sucessão, tendo sido eleito no final de setembro passado. A expectativa entre alguns membros do PS distrital afetos a essa frente é que é de que esse crédito continue a valer para a eleição que se segue e, nesse contexto, o nome disponível que melhor se posicionaria é o de Pedro Pinto de Jesus.
As concelhias do PS de Lisboa, Loures, Odivelas, Amadora, Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos (mais de metade das concelhias do distrito) e as secções sectoriais do partido são vistas como “um grupo coeso” na FAUL que tem um peso decisivo na escolha do líder distrital do partido — foi o que aconteceu nas eleições anteriores nesta federação socialista.