A 25 de Novembro de 1975, Portugal viveu um dos momentos mais tensos e decisivos da Revolução dos Cravos. Após meses de crescente polarização política e social, com a oposição entre os sectores da extrema-esquerda e os defensores da democracia representativa, ocorreu uma tentativa de golpe de Estado por parte de militares ligados à ala radical da esquerda. Este movimento visava tomar o controlo do país, mas foi rapidamente frustrado.
No contexto pós-revolucionário, a sociedade portuguesa estava profundamente dividida. Por um lado, estavam aqueles que desejavam continuar a revolução com o Movimento das Forças Armadas (MFA), incluindo o governo de Vasco Gonçalves; por outro, estavam os que defendiam que o futuro do país deveria ser decidido através de eleições democráticas, com a participação dos partidos políticos.
Durante o ano de 1975, a violência de grupos extremistas de esquerda e direita aumentou, e o receio de uma guerra civil era real. A situação tornou-se ainda mais complexa quando, em Julho, Vasco Gonçalves tentou recentrar a autoridade no Conselho da Revolução, propondo uma liderança partilhada com Costa Gomes (Presidente da República) e Otelo Saraiva de Carvalho. No entanto, o “Grupo dos Nove”, um conjunto de militares moderados, defendia que o poder deveria ser exercido pelos partidos políticos, o que levou ao seu afastamento do Conselho.
A 12 de Novembro, uma manifestação das forças de esquerda bloqueou a saída dos deputados do parlamento durante dois dias, enquanto, na semana seguinte, o governo entrou em greve, alegando falta de condições para governar. A tensão atingiu o auge a 25 de Novembro, quando militares radicais tentaram consumar um golpe de Estado. Contudo, a tentativa foi travada pela oposição militar moderada, apoiada por um plano de ação coordenado por Ramalho Eanes. Esta intervenção salvou a estabilidade do processo democrático, frustrando o golpe e garantindo a continuidade da revolução, mas sem comprometer a transição para a democracia.
A falhada tentativa de golpe de 25 de Novembro consolidou, assim, o caminho para a instalação de um regime democrático em Portugal, longe das intenções radicais que ainda ameaçavam a ordem política do país.