Tenho afirmado publicamente que o exercício político da oposição não se basta apenas com apontar aquilo que de mal se faz na gestão autárquica. Essa via é a mais fácil, mas também a menos eficaz, sendo certo, porém, e infelizmente, que é este o registo mais frequente, certamente por falta de ideias e de capacidade
Naturalmente, penso que é necessário identificar problemas e falar sobre eles, mas é sobretudo necessário apresentar medidas concretas, para dar maior qualidade de vida às pessoas e às famílias.
Hoje, quero em particular dirigir a minha atenção às famílias com filhos, que pretendem frequentar ou já frequentam o ensino superior.
Nos últimos anos, num esforço a que não tem sido alheia a visão e capacidade do seu presidente, o Professor Doutor António Fernandes, o Instituto Politécnico de Castelo Branco afirmou-se como uma instituição do ensino superior público de referência a nível nacional e internacional.
De diferentes pontos de Portugal e do Mundo, acorrem muitos estudantes para frequentar as várias escolas que formam, no seu conjunto, o IPCB, atraídos quer pela sua diversificada oferta formativa, quer ainda pela garantia de excelência e rigor que só um corpo docente muitíssimo bem preparado pode dar.
Todavia, por razões que facilmente se compreendem, a oferta dos cursos é, ainda assim, limitada, não abrangendo todas as áreas procuradas pelos candidatos ao ensino superior.
Por isso, muitos dos nossos jovens se veem na necessidade de sair do distrito de Castelo Branco, fixando-se, enquanto estudantes, nos grandes centros universitários, caso de Lisboa e de Coimbra.
Isto representa paras as famílias um enorme esforço financeiro, que muitas delas não estão em condições de suportar, em função dos seus rendimentos.
Actualmente, para dar apenas um exemplo, um quarto em Lisboa, com as condições mínimas, custa não menos de 500 euros mensais, fora todas as despesas inerentes à frequência do ensino, como a aquisição de livros, fotocópias e outro material escolar, para não falar na alimentação e deslocações.
Quer isto dizer que, para as famílias, o custo de ter um filho a estudar em Lisboa pode representar facilmente um valor na ordem dos 1000 euros mensais.
E a pergunta que se impõem fazer é a seguinte: que famílias, em Idanha, estão em condições de suportar um tal esforço com apenas um filho. Muito poucas, certamente!
Ora, considerando que incumbe ao poder local procurar satisfazer os interesses próprios das populações respectivas, podem e devem os municípios tomar medidas concretas para ajudar as famílias que desse apoio comprovadamente necessitem, de forma que o seu nível de rendimento não seja um obstáculo à educação dos filhos.
E como este é um problema que não é apenas de Idanha, mas que é transversal a todos os concelhos do nosso distrito, podem os municípios tomar medidas conjuntas para o resolver ou mitigar, debatendo a questão na Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, entidade que visa a cooperação territorial, a resolução de problemas e a gestão de recursos de forma transmunicipal.
Nessa medida, defendo que a criação de residências municipais ou intermunicipais, adequadas às necessidades existentes, em Lisboa ou em Coimbra, se afigura como uma medida útil e necessária, já que com ela se permite aliviar as famílias e se impede que o nível de rendimento seja obstáculo para o acesso ao curso superior ou à profissão desejada pelos nossos jovens.
Tanto mais que uma medida desta natureza, representa quer para a generalidade dos municípios, quer ainda para a CIMBB, uma pequena gota dos seus orçamentos anuais, sendo ela própria um factor de atractividade dos territórios dirigida especialmente às famílias.