Apita o comboio, lá vai apitar! A famosa canção de Arlindo Carvalho, o cantor beirão nascido na Soalheira, ecoa na memória de todos nós, especialmente nesta época natalícia. O “Comboio da Beira Baixa” atravessou gerações e corações, representando a magia e o espírito do Natal que tanta gente esperava em Castelo Branco, este ano. Contudo, para espanto de muitos, o comboio prometido para o mercadinho de Natal da cidade não chegou a apitar. Nem se ouviu o seu som, nem a magia se fez sentir. O que aconteceu? Pois bem, parece que o contrato foi descumprido por uma empresa de Coimbra, que devia proporcionar essa fantasia às nossas crianças
A Câmara Municipal, como não poderia deixar de ser, acionou os mecanismos legais para resolver a situação. Afinal, a empresa contratada não cumpriu com a sua obrigação e as crianças albicastrenses ficaram sem o seu comboio de Natal. Mas, esperem lá… não seria o momento de pensar em alternativas, em soluções? A Sertã, Alcanena, Idanha-a-Nova, Mondim de Basto, Coimbra, Oleiros, Mirandela…(18 no total) todas estas localidades têm os seus comboios de Natal, e não estamos a falar de comboios lendários com mais de cem anos de idade, mas de comboios alugados à empresa albicastrense “VTE-EVENTOS”, que sabe como manter a magia natalícia viva.
Castelo Branco, sendo a capital de distrito, deveria ter tomado a dianteira. Era simples, bastava um telefonema para a empresa sediada na cidade que, colocou vários comboios a circular em várias regiões de cidades do país sem falhar ao contrário da empresa contratada, que não cumpriu , com toda a certeza, teriam disponibilizado um comboio ” que ao que sei, tem um comboio estacionado na sua estação em armazém” para que as crianças pudessem vivenciar a magia do Natal. Mas, em vez disso, o que vemos? A Câmara Municipal ficou à espera “ou os assessores estavam à espera que fosse o presidente a ligar para resolver a falta do comboio, ou talvez mesmo o presidente não se lembrou que na cidade há uma empresa com muitos comboios para alugar?”, sem soluções e sem planos alternativos, o gabinete de eventos da câmara com estas pessoas (….) falta-lhes a “ competência e, nem estão à altura para organizar um simples mercadinho de Natal” – ao menos calavam as bocas da população e, arranjavam solução para a falta do comboio de Natal. O que, evidentemente, resultou numa cidade sem o seu tradicional comboio, onde as crianças, esses incansáveis sonhadores, ficaram a ver os outros a desfrutar daquilo que poderia ter sido o grande símbolo natalício.
E a pergunta que se impõe é: até onde vai o “comboio do progresso” em Castelo Branco? Porque, ao que parece, este executivo PS está a perder o comboio, não só no que respeita ao Natal, mas também no que diz respeito à capacidade de se antecipar aos problemas e criar soluções rápidas. Se o Natal já não é como era, a fantasia parece ter fugido das ruas, não só com a ausência do comboio, mas com a falta de visão para garantir que as nossas crianças vivam a verdadeira magia desta época. O Natal, que deveria ser sinónimo de união, criatividade e até um pouco de desatino, esmorece na indiferença e na ineficácia de quem está à frente da Câmara.
Agora, sejamos honestos: não faltavam opções. O comboio de Natal não era uma novidade nem um luxo. Era apenas mais um pedaço da tradição que faz de Castelo Branco um lugar especial nesta altura do ano. Se as outras cidades conseguem fazer acontecer, por que não Castelo Branco? A falta de um comboio na cidade evidencia o desapego da Câmara pelo espírito natalício e a incapacidade de dar resposta a um simples pedido da população. Claro, a empresa não cumpriu com o contrato, mas a Câmara poderia ter pensado em alternativas de forma proativa, de forma ágil, antes que o problema se tornasse uma crítica pública.
Quem perde são as crianças, que olham para o horizonte e sonham com o comboio que nunca apareceu. Quem perde é a cidade, que mais uma vez não conseguiu abraçar a sua própria magia. E quem perde, principalmente, são os cidadãos, que se veem a braços com a falta de planeamento, de antecipação e, acima de tudo, de sentido prático. A solução estava ao alcance da mão: bastava querer fazer acontecer. E, para quem duvida, eu pergunto: será que foi por falta de um comboio que Castelo Branco perdeu o rumo?