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O PS, o Lóbi Costa e a Denegação da Dignidade Política

A política portuguesa, com os seus altos e baixos, continua a ser um terreno fértil para as intrigas e para as manobras de bastidores. No Partido Socialista (PS), a luta pelo poder não é apenas uma questão de ideias ou projetos, mas de sobrevivência política. Na última crónica, mencionei a evidente divisão dentro do PS, onde um lóbi “Costa”, tão forte como corrosivo, parece não ter limites para combater a ascensão de figuras como António José Seguro, cujo nome representa, mais do que nunca, uma linha de dignidade e integridade na política nacional.

Recentemente, durante uma entrevista à RTP, o ex-presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, veio a público criticar a possível candidatura de António José Seguro à Presidência da República. A acusação foi clara: Seguro não cumpre “os requisitos mínimos de uma candidatura que possa ser apoiada pelo PS e por um vasto campo de forças democráticas”, por se limitar a “banalidades”. Às palavras de Santos Silva, somaram-se as declarações do eurodeputado Francisco Assis, que, com clareza e sem rodeios, acusou algumas figuras do PS de travarem uma “campanha” orquestrada para descreditar o nome de Seguro.

Mas a grande questão é: o que está verdadeiramente em jogo nesta disputa interna do PS? É, sem dúvida, a tentativa de impedir que um nome como o de António José Seguro, que se distingue pela sua dignidade e honestidade política, tenha uma voz ativa na política nacional. Seguro, com o seu passado de honra e liderança madura, representa um tipo de política que desafia a atual “clique” que parece dominar a linha do PS. Ele é, para muitos, a antítese do oportunismo político que temos vindo a testemunhar, onde o poder se sobrepõe à ética.

Augusto Santos Silva e outros pesos pesados do PS podem tentar minimizar o impacto de Seguro na corrida presidencial, mas a verdade é que a sua trajetória política é incontestável. Desde o seu papel central na vitória eleitoral de 1995, à sua atuação no Parlamento Europeu, Seguro construiu uma carreira pautada pela seriedade e pelo respeito pelos valores sociais. Não se trata de um político obcecado pelo poder, mas de alguém que, ao longo dos anos, tem demonstrado um compromisso inabalável com o bem comum.

A sua saída digna da liderança do PS após a derrota nas primárias de 2014 foi um marco que o distingue num cenário político onde, frequentemente, a falta de caráter é mais a norma do que a exceção. Esta capacidade de agir com elevação, de não se deixar levar por impulsos momentâneos e de colocar os interesses do país acima das ambições pessoais é algo que Portugal, infelizmente, vê raramente nos seus líderes.

O que mais impressiona em toda esta trama é o medo que a candidatura de Seguro parece provocar dentro do próprio PS. Para muitos, o nome de Seguro é sinónimo de uma verdadeira renovação, não apenas no sentido da política, mas também na sua essência. Ele não é um político qualquer, ele é, de facto, um líder que coloca as causas acima da carreira, que cultiva a independência e que, mais importante, rejeita o servilismo político que tanto caracteriza as figuras que, hoje, dominam o PS.

A “campanha” contra Seguro revela, de forma cristalina, o que é o PS neste momento: um partido partido ao meio, onde a luta pelo poder interno se sobrepõe à necessidade de defender os valores democráticos que deveriam nortear o partido. A proposta de Francisco Assis, que defende que o debate democrático no PS deve ser pautado pelo respeito e pela elevação, é um apelo legítimo. Contudo, a realidade é bem diferente. Em vez de respeitar o direito de cada militante de expressar suas opiniões e apoiar quem achar conveniente, o que vemos é uma tentativa de imposição de uma agenda única, onde a diversidade de opiniões é rapidamente silenciada.

António José Seguro tem o apoio de muitos dentro do PS, e é justamente esse apoio silencioso, mas firme, que faz com que ele seja visto como uma verdadeira ameaça para os que buscam perpetuar um modelo de política onde as convicções são moldadas pelas oportunidades de poder. O seu caráter, a sua coragem em enfrentar adversidades e, sobretudo, a sua capacidade de colocar o interesse geral acima das ambições individuais, são qualidades que fazem falta à nossa política.

Este episódio serve, acima de tudo, para recordar que a política portuguesa precisa de líderes que representem não apenas a continuidade das ideias, mas a genuína renovação do pensamento político. Se os militantes e simpatizantes do PS, como Francisco Assis bem sublinha, ainda respeitam e admiram António José Seguro, é porque sabem que ele é, de facto, um homem de carácter – e é isso que Portugal precisa agora mais do que nunca.

Mas, como sempre acontece, aqueles que estão no poder, ou que desejam estar, farão de tudo para que a verdadeira mudança não aconteça. Porque, como já sabemos, na política, a dignidade é um obstáculo quando o que se procura é apenas a perpetuação do poder. E este é um jogo perigoso, que pode custar mais do que o país está disposto a pagar.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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