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A Roda da Sorte de Armindo Jacinto: O Ciclo Infindo do Poder em Idanha-a-Nova

Em Idanha-a-Nova, a política local parece mais um jogo de xadrez, onde as peças se movem devagar, mas sempre com um objetivo bem claro: perpetuar o poder nas mãos de quem já o detém. O Partido Socialista (PS), sob a liderança de Armindo Jacinto, parece não ter pressa. O silêncio de Jacinto, que se recusa a apontar o seu sucessor, é mais do que uma simples indecisão – é uma estratégia cuidadosamente elaborada para garantir que a cadeira do poder em Idanha-a-Nova continue a ter o nome de Jacinto gravado na memória coletiva, ou quem sabe, mesmo no próprio assento.

Mas porquê tanta calma, tanto silêncio? Perguntam vocês. Pois bem, a resposta é simples e está em qualquer manual de política local: Armindo Jacinto atingiu o limite de mandatos permitidos pela lei. Como presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, ele não pode recandidatar-se diretamente para um quarto mandato. Ah, mas não nos iludamos! O que parece uma limitação é, na verdade, uma oportunidade dourada de arquitetar uma nova manobra para continuar a governar, ainda que de forma mais disfarçada.

A história, essa sim, é bastante reveladora. Armindo Jacinto não chegou à presidência da Câmara por uma votação direta da população. Não, senhor. A sua ascensão ao poder foi uma daquelas dádivas políticas que ocorrem em alguns momentos mais engraçados da história: o antigo presidente, Álvaro Rocha, que não terminou o seu último mandato, entregou-lhe a câmara numa bandeja em 17 Junho 2013. Foi uma mudança de poder (Armindo era o Vice-Presidente), mas sem as formalidades da eleição. Armindo, então, encaixou-se na cadeira sem ter sido escrutinado por ninguém, e como se isso não bastasse, foi apadrinhado pelo próprio Rocha na campanha seguinte com as eleições de Setembro 2013, tornando-se uma espécie de “herdeiro político”. Venceu as eleições, não por grande mérito próprio, mas pela força do apoio de quem o colocou ali.

Agora, ao olhar para o seu terceiro e último mandato, o que vemos? Armindo Jacinto, de novo, não tem pressa. A sua agenda está repleta de silêncios e hesitações. E isso só pode significar uma coisa: o desejo de continuar, mas sem ser tão óbvio. Afinal, quem é que quer abandonar a cadeira de presidente de uma câmara? Melhor ainda se o poder puder ser exercido à sombra, sem estar diretamente exposto aos holofotes da política. E se Armindo se perpetuar no poder? O que impede que ele apoie um novo rosto, um candidato que seja apenas uma figura de cartaz? E, quem sabe, ele próprio ocupar um cargo secundário, como o da presidência da Assembleia Municipal, ou algo que lhe garanta a continuidade do controle. O importante é estar lá. No poder. A influenciar, a manobrar, a decidir nos bastidores.

E quem diria? O discurso de Armindo, proferido durante as celebrações dos 100 anos de Mário Soares, em Idanha-a-Nova, parecia mais uma declaração de intenções de continuidade do que um discurso de despedida. Não há dúvida: Jacinto ainda tem muito que “fazer” por Idanha-a-Nova, ou melhor, pela câmara, como se já tivesse feito tudo o que fosse necessário pela terra.

A política, como todos sabemos, é uma arte de disfarçar intenções. E quem olha para Armindo Jacinto hoje, na sua cadeira de poder, pode pensar que é um líder dedicado à sua terra. Mas a verdade é que, no fundo, a sua verdadeira paixão não está em Idanha-a-Nova, mas na câmara. O poder, ah, o poder… é difícil de largar.

Quem sabe se, no futuro, Armindo não será o “mestre das sombras”, governando a câmara de Idanha-a-Nova não diretamente, mas com o apoio de um “homem de confiança” na presidência, até que finalmente se chegue ao momento da aposentadoria – ou, quem sabe, a mais um ciclo de poder. Pois, no final das contas, a política local, em Idanha-a-Nova, é uma roda da sorte onde, para alguns, o sucesso é garantir que o ciclo nunca acabe.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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