Quando votamos num partido é porque nos identificamos, com um elevado grau de certeza, com o projeto de sociedade que este defende.
É por isso fundamental ter consciência a quem estamos a responsabilizar quando preenchemos o nosso boletim de voto. Porque é isso que estamos a fazer quando votamos.
Com aquele pequeno gesto estamos a assumir que é aquele programa político, que decorre da ideologia daquele partido, que queremos para Portugal: na economia, na saúde, na educação, na segurança, na justiça, na política social.
Estamos também, através dos candidatos desse partido, a escolher as pessoas que nos vão representar na assembleia da república, caso sejam eleitos.
Vivemos tempos de mudança acelerada em que aquilo que dávamos como garantido para o resto das nossas vidas parece que já o não é.
Há, na política, quem se aproveite destes momentos mais conturbados e do sentimento de revolta, impotência e insegurança que eles geram, para tentar ascender ao poder com ideologias que a história já nos ensinou serem perversas para a humanidade.
A crise financeira global de 2008 e a subsequente recessão económica, a pandemia do COVID e a guerra da Ucrânia tiveram um impacto profundo no mundo, na Europa e em Portugal, levando ao aumento do desemprego, a medidas de austeridade e a um declínio no padrão de vida para muitos.
No imediato, a exacerbação do nacionalismo, da preservação da identidade cultural, dos valores conservadores e do protecionismo económico, é, para muitos, a resposta política adequada para estes problemas, porque os seus medos são constantemente explorados por conteúdos disseminados nas redes sociais e comunicação social, onde narrativas populistas e de medo se espalham rápida e viralmente.
Quando a razão é toldada fica impedida de uma tomada de decisão racional.
É por isso necessário aprofundar o sentido de voto e exercê-lo conscientemente: perceber o que cada partido realmente defende e pretende para o país, a exequibilidade do que é defendido, quem são os deputados que estamos a escolher por cada círculo, se a sua conduta e do partido condizem com o que defendem.
Só após esta ponderação estaremos, consciente e responsavelmente, a dar o nosso contributo para os destinos da governação do nosso país.
Votar sem se saber o que estamos a fazer é como assinar um documento sem o ler.
Se não o fazemos nas outras áreas da nossa vida, não o façamos nesse momento.
Ana Poças Gonçalves
Membro do Grupo de Coordenação Local de Castelo Branco da Iniciativa Liberal