Quando a mentira toma o lugar da compaixão e o silêncio substitui a coragem. Baseado da obra “A Peste”, de Albert Camus
Uma cidade doente, um povo dopado
Camus, em A Peste, não escreveu apenas sobre ratos mortos e febres altas. Escreveu sobre o estado de uma sociedade que, enquanto morria lentamente, preferia ajustar a temperatura do termómetro a reconhecer a gravidade da infecção.
Hoje, a peste que nos assola não é bacteriológica. É mediática, política e ideológica. É um contágio de discursos prontos, números manipulados, e uma propaganda que se repete como um mantra hipnótico: “A imigração é a salvação”.
Mas será?
A propaganda como anestesia colectiva
O povo português prepara-se para celebrar o Dia de Portugal, mas fá-lo mergulhado numa paisagem mediática onde a realidade foi substituída por ficção ideológica. “Se não fossem os imigrantes, Portugal parava.” Assim se repete, dia após dia, nos microfones da SIC, nos painéis da CNN, nas colunas do Público e do Expresso.
Este refrão nacional, que alguns já apelidam de neuro-lavagem linguística, mascara uma verdade desconfortável: a imigração descontrolada — principalmente ilegal — não está a salvar o país, está a fraturá-lo por dentro.
A engenharia dos números
Um dos pilares dessa propaganda está nos números. Dizem-nos que há 1,5 a 1,6 milhões de imigrantes em Portugal. Mas omitem que apenas cerca de 300 mil possuem contrato de trabalho legal. O resto? Trabalhos informais, sazonais, ou simplesmente inactivos — uma massa sem rosto nem registo que os meios “capturados” se recusam a ver.
Mais grave ainda é a narrativa da Segurança Social. Ouvimos que os imigrantes “contribuem com 3.000€ por ano”. Mas se ganham em média 600€ por mês, e isso quando têm trabalho, como se chega a esse valor? A matemática simples desmonta o mito: com uma TSU de 11%, mesmo assumindo 14 meses de salário mínimo, a contribuição média não ultrapassa 924€ por ano — e isso numa realidade ideal. Mas o trabalho sazonal e os falsos recibos verdes fazem esse número descer ainda mais.
Estamos, portanto, perante mentiras embrulhadas em estatística.
O RSI e as associações “de fachada”
A isto junta-se outro pilar do “modelo português”: o financiamento milionário de associações pró-imigração, muitas delas sem transparência, apoiadas pela AIMA com centenas de milhares de euros pagos pelos impostos dos portugueses.
Dinheiro que devia ser canalizado para creches, escolas, hospitais — e que é desviado para manter estruturas clientelares, supostamente defensoras dos direitos humanos, mas na prática defensoras do negócio da imigração.
Enquanto isso, o Rendimento Social de Inserção — pago muitas vezes a quem nunca descontou — cresce alimentado por essa estrutura, num ciclo vicioso de dependência, silêncio cúmplice e captura ideológica.
O reagrupamento e a multiplicação silenciosa
Como se não bastasse, o próprio governo admite agora — pela boca do Ministro Leitão Amaro — que poderão entrar mais de 500 mil estrangeiros nos próximos meses devido ao reagrupamento familiar.
Enquanto o partido Chega pede a suspensão urgente deste mecanismo, a resposta institucional continua a ser morna, hesitante, anestesiada.
Fala-se em “acompanhar as famílias”, mas quem acompanha os bairros já colapsados como o Martim Moniz ou a Quinta do Mocho? Quem protege os portugueses das zonas com maior concentração de criminalidade e tensão social?
França, Lisboa e a lição que não queremos aprender
A violência nas ruas de Paris após a vitória do PSG, com mortos, carros incendiados e caos urbano, não é uma excepção. É a consequência de uma integração falhada, de uma sociedade multicultural forçada, onde a fragmentação substituiu a unidade.
Carlos Moedas, autarca lisboeta, veio agora — tardiamente — reconhecer a gravidade da insegurança em Lisboa, pedindo reunião urgente com o MAI. Mas durante quanto tempo a ideologia abafou o bom senso?
Durante quanto tempo mais negaremos que bairros inteiros da capital (e noutras zonas do país) estão “capturados” por redes informais vindas do Indostão, muitas vezes dominadas por criminalidade e tráfico?
“Não somos ameaça”, dizem eles. Mas e nós?
A Comunidade Islâmica de Lisboa reage agora com indignação a críticas, dizendo que há um “discurso de medo e provocação”.
Mas quando o medo se torna rotina, quando a provocação vem da realidade e não do comentário, o silêncio torna-se cumplicidade.
Ninguém pretende generalizar ou alimentar ódio. Mas não há maior perigo do que ignorar o evidente por medo de parecer intolerante. Camus dizia que “a peste não é feita só de micróbios, mas de silêncio”. E neste caso, o silêncio está a ser comprado a peso de RSI, subsídios e propaganda estatal.
O caso da cereja: o grande engano
Veja-se o caso da cereja do Fundão. O produtor diz que se não fossem os nepaleses, “não havia produção”.
Mas porquê? Porque ninguém quer pagar o justo a um português para colher cerejas. Porque durante décadas havia apanha da cereja sem imigração em massa.
O problema não é falta de braços, é desvalorização estrutural do trabalho e do interior.
A imigração tornou-se o atalho económico preferido por quem quer mão-de-obra barata, sem exigir qualidade de vida nem respeito pelas regras nacionais.
A verdadeira peste
Camus terminava A Peste com a ideia de que o bacilo nunca desaparece totalmente.
Permanece nas roupas, nas esquinas, nos silêncios.
Hoje, a nossa peste está no discurso oficial, nos números viciados, nos microfones de jornalistas submissos. Está na ausência de verdade, na criação de consensos artificiais, na demonização de quem ousa fazer contas ou levantar questões.
Portugal não é racista. Portugal é paciente.
Mas há um ponto em que a paciência se torna suicídio.
“A única forma de combater a peste é com a honestidade” — Albert Camus
Por isso, que este artigo não sirva para odiar, mas para despertar.
Porque sem verdade, não há compaixão. Sem limites, não há país.
Opinião de José de Alenquer
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