As festividades duram frequentemente 15 dias e tudo começa cerca de uma
semana antes do Ano Novo. Todos os anos, na data definida para a celebração do
signo anual, por toda a RPC milhões de turistas chineses visitam familiares e
celebram, orgulhosos, nos seus locais de culto, as graças que o novo ano vai
oferecer.
Nos dias 1 e 2 de Fevereiro há festa rija na em Lisboa, na Alameda D. Afonso
Henriques, com tambores, dança e muita, muita cor vermelha. Segundo a lenda,
todas as vésperas do Ano Novo Lunar, um monstro aquático de dentes e cornos
afiados (seria família do de Loch Ness, na Escócia?), rastejava para terra firme e
atacava uma aldeia no interior da China. Numa dessas ocasiões, enquanto os
aldeões se escondiam, um velho misterioso apareceu e insistiu em ficar por perto,
apesar dos avisos de desgraça iminente. Para surpresa dos aldeões, o velhote e a
aldeia sobreviveram completamente ilesos. O homem afirmou ter afugentado o
monstro Nian, pendurando faixas vermelhas na sua porta, acendendo fogo de
artifício e vestindo roupas vermelhas.
É por esta razão que o uso desta cor ardente, juntamente com a colocação de
faixas e o acender de fogo de artifício, são tradições do Ano Novo Lunar que ainda
hoje são seguidas. Em Macau, território pequeno e sem muitos lugares para fugir à
barulheira, é vulgar os Kwailos (estrangeiros) zarparem para Hong Kong, onde
esses festejos são mais comedidos…
Em 2025 celebra-se o Ano Lunar da Serpente, símbolo de sabedoria e de valores
como o conhecimento, a inteligência, a criatividade e a renovação. Não é por acaso
que, logo na entrada de 2025, a DeepSeek arrasou o mercado da Inteligência
Artificial e os carros eléctricos de fabrico chinês competem, em preço e qualidade,
com os Ocidentais. Diga-se que a ciência e tecnologia daquele país milenar são
responsáveis por vários dos mais importantes avanços na história da humanidade,
como o fabrico do papel e da imprensa, a bússola e a pólvora (as Quatro Grandes
Invenções)…
Segundo outra antiga lenda chinesa, Buda convidou todos os animais da criação
para uma festa de Ano Novo, prometendo uma surpresa a cada um dos animais.
Apenas doze animais compareceram e ganharam um ano de acordo com a ordem
de chegada: o Rato, Boi, Tigre, Coelho, Dragão, Serpente, Cavalo, Cabra, Macaco,
Galo, Cão e Porco.
Sendo o Ano da Sabedoria, no horóscopo chinês, 2025 também representa boa
sorte, prosperidade, fraternidade e longevidade, aconselhando ser boa altura para
promover a troca cultural, reforçando a amizade e confiança mútuas entre os povos,
afirmou Gan Ping, conselheira cultural da Embaixada da República Popular da
China.
Celebrado em todo o mundo contemporâneo, costuma dar origem à maior migração
anual de pessoas do planeta. E embora seja conhecido por alguns no Ocidente
como Ano Novo Chinês, não é comemorado apenas na China. Vejam lá que foi por
ser celebrado na Jordânia – obrigado à minha amiga que de tal me lembrou (tantas
histórias!) – que eu recordei que nestes festejos nunca faltam bolinhos da sorte e
que se trocam presentes e se oferecem lai-sis, pequenos envelopes vermelhos com
dinheiro no seu interior.
E… sabiam que sopa da cobra é um petisco de inverno muito apreciado? É
saboroso e tem um leve travo a galinha. Frita, acompanhada com erva-príncipe e
pimenta, já não me agrada tanto, confesso. O sangue é bebido em
acompanhamento, misturado com álcool de arroz, uma vez que a ele é atribuído
propriedades medicinais.
Kong Hei Fat Choi!