Trump fez cair a máscara democrática do neoliberalismo, os negócios assumiram o seu poder sobre o mundo.
Com a nova administração americana o mundo torna-se mais imprevisível mas, ao
mesmo tempo, mais claro. Até agora, o chamado ocidente alargado, onde se
incluem os EUA, União Europa, Canadá, Austrália, Japão, Coreia do Sul, Canadá e
outras “democracias ocidentais”, arrogou-se no direito de interferir nos assuntos
internos de outros países, com a justificação da defesa da liberdade e imposição da
democracia liberal. Mas, na verdade, sempre foram interesses económicos que
prevaleceram.
Apenas referindo o que aconteceu depois da queda da URSS em 1990, o Iraque em
2003, o Afeganistão em 2001 e a Líbia em 2011 foram invadidos, e diversos golpes
internos foram executados, com maior ou menos êxito (primaveras árabes,
Venezuela, Kosovo, etc).
Mas a cena internacional está diferente, cada vez mais países contestam este
comportamento e Trump compreendeu que os EUA já não são os polícias do
mundo. Outras potências vão surgindo e tornou-se necessário alterar o
comportamento face globalização. Embora a UE ainda funcione num mundo
unipolar, a verdade é que já não vai ser fácil mascarar boas intenções com
interesses económicos.
Com Trump, essa máscara caiu: “Um país deverá ser gerido como uma empresa!”,
como declaram e repetem os “neoliberais” de plantão. A fórmula é simples: privatizar
o que for possível, aplicar a meritocracia ao funcionalismo público, criar um
ambiente competitivo entre as empresas, afrouxar as regras nas relações entre
“colaboradores” e patrões. O resultado: lucros recordes para o país e uma
sociedade mais justa e próspera. Não é isso que a Iniciativa Liberal, na linha de
“Mileis” argentinos e companhia, defendem por cá? Afinal, não foi essa foi uma das
razões porque tantos cidadão americanos votaram em Trump, uma empresa “à
antiga” onde não existem princípios éticos, justiça social ou mesmo científicos?
Veja-se:
Apesar de acusado de falsificar registros comerciais, influenciar ilegalmente as
eleições presidenciais de 2016, cometer fraude fiscal e pagar pelo silêncio de uma
prostituta, Trump só não está preso porque “comprou” parte do sistema de justiça
americano (nomeou juízes e procuradores seus apoiantes).
A sua equipe ministerial integra quem não acredita nas vacinas ou nas alterações
climáticas, são apoiados os estados onde se proíbe ou limita o aborto e se atacam
as minorias. Declara expulsar mais de 16 milhões de imigrantes considerados
ilegais – onde se incluem muitos portugueses – com a justificação de que tiram
empregos aos americanos e são os grandes causadores da criminalidade. E, claro,
é um assumido apoiantes do livre uso de armas pelos cidadãos.
A nível internacional o maior medo é perder a hegemonia económica e comercial,
daí considerar a China como inimigo principal e declarar intenções como tomar pela
força o Canadá, a Gronelândia ou o Panamá, se necessário. Vai aplicar tarifas aos
produtos importados e só se manterá na NATO se os outros países deixarem de
“viver à custa da América de Trump”. A Ucrânia é vista como um problema europeu
mas Israel interessa muito tanto a nível estratégico como económico, se nos
lembramos do poder judeu nos EUA.
Com Trump o mundo torna-se mais claro mas mais imprevisível: a governação de
Trump estará repleta de contradições internas, poderes que se conflituam entre si,
uma autofagia própria do sistema capitalista. Elon Musk aposta em empresas
baseadas em sistema elétricos como a Tesla e a SpaceX, mas Trump está virado
para o incremento da exploração petrolífera, o fim de algumas guerras poderá não
interessar à indústria de armamento, as grandes empresas ligadas à comunicação
digital estão ameaçadas pelo desenvolvimento tecnológico chinês…
A União Europeia olha atónita, preocupada e com surpresa, sem saber o que fazer!
Muito da ideologia (?) de Trump influencia partidos europeus, designadamente de
extrema-direita, como é o caso da Alemanha. Para complicar ainda mais, há
políticas internacionais, como o fim da guerra na Ucrânia, através de uma paz
realista, que juntam extrema direita e alguma esquerda.
Ao menos com Trump o capitalismo assume-se como” sistema económico baseado
na propriedade privada dos meios de produção e na sua exploração com fins
lucrativos” (retirei da Wikipédia…). Ou como o sistema onde impera a exploração do
homem pelo homem…
Como uma empresa… Será que vão despedir estadunidenses que se oponham à oligarquia anunciada? Eheheheheheh!