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Armindo Jacinto cada vez mais isolado

Presidente do CMCD de Idanha-a-Nova, Catarina Pereira, demarca-se do autarca e apresenta demissão.

Uma má notícia nunca vem só. Que o diga o Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, confrontado com os acontecimentos dos últimos dias. Por um lado, uma Feira Raiana com custos astronómicos, mas que se está a revelar um autêntico fiasco, quer em termos de bilheteira, quer em termos do modelo (Festival) implementado este ano, com prejuízo do antigo modelo de certame comercial.

Foto: D.R. – Catarina Pereira

Por outro lado, também a ruptura do sistema de fornecimento de água do Ladoeiro, freguesia que neste momento já é abastecida por camiões-cisterna, não tem dado descanso ao autarca. Tudo a somar à penhora de saldos bancários, ordenada por um tribunal, para garantia de uma indemnização de perto de meio milhão de euros, a pagar pela autarquia, pela destruição de obras valiosíssimas da artista plástica Cristina Rodrigues, resguardadas em instalações do município.

Foto: D.R. – Deputado municipal eleito pelo PS, Alberto Umbelino Gonçalves

Quando parecia que nada poderia piorar, eis que mais um dos “braços direitos” de Armindo Jacinto decide abandonar a equipa. Primeiro foi Cristina Preguiça, Chefe de Gabinete, que a pretexto de pretender exercer teletrabalho, se distanciou do Presidente da Câmara, para fixar residência na sua terra de origem, Cantanhede. Agora, foi a vez de Catarina Pereira dizer não definitivamente a Armindo Jacinto, tendo a gestora apresentado, na passada quinta-feira, a sua demissão do cargo de Presidente do Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento de Idanha-a-Nova.

Ao que o Regiões conseguiu apurar ainda não estão bem claros os motivos que terão estado na origem de mais esta demissão de peso no governo de Armindo Jacinto, mas, ao que tudo indica, por informações não confirmadas junto da própria, Catarina Pereira terá saído em clara rota de colisão com o Presidente da Câmara Municipal.

Segundo o que O Regiões também conseguiu saber junto de fontes ligadas à instituição, a demissão poderá também estar relacionada com situações menos claras com as contas do CMCD, situação que foi trazida à luz por uma investigação jornalística de António José Cerejo, para a edição on-line do jornal o Público, de 12.09.22, intitulada «Uma associação que lida com milhões mas que escapa a qualquer escrutínio».

Recorde-se que, apesar do CMCD ser uma instituição privada, a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova tem nele uma participação social privilegiada, o que lhe permite exercer um papel determinante na definição de estratégias, na colocação de quadros, e no acesso e distribuição de fundos e financiamentos. Em última linha, o CMCD tem sido um satélite da autarquia, que esta tem utilizado para por em prática esquemas de triangulação financeira a patrimonial, como terá sido o caso do negócio simulado do Edifício da Escola Profissional da Raia, que fez correr rios de tinta nos jornais, e cujos últimos desenvolvimentos ainda não são de todo conhecidos.

A presidente do CMCD, Catarina Pereira – licenciada em línguas e Literaturas Modernas -, foi eleita em 2018, por proposta da Câmara, na mesma reunião da Assembleia Geral em que foi admitida como sócia. Na reunião seguinte, a assembleia (presidida por Rui Esteves, o ex-comandante nacional da Protecção Civil que se demitiu em 2017) decidiu que a nova presidente, até aí funcionária da associação, seria remunerada com um vencimento base mensal de 3028 euros. A esse montante acresceria uma “compensação remuneratória” mensal, a título de “ajudas de custo”, não quantificada na respectiva acta.

Catarina Pereira acumulou as funções de presidente do CMCD e da Hortas d’Idanha e de gerente da empresa que detém a Escola Profissional da Raia, da qual é directora. Em Junho de 2018, quatro meses depois de ter assumido as suas actuais funções por escolha do presidente da Câmara, celebrou com ele (em representação do município) um contrato de prestação de serviços no montante de 45 mil euros (3.200 por mês durante 14 meses) para assegurar, em nome da sociedade unipessoal Lab4tomorrow, de que é dona e gerente, o “acompanhamento, plano formativo, acções de capacitação e avaliação do Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar”.

Dois anos antes já Armindo Jacinto a contratara (também através da Lab4tomorrow, que não tem mais nenhum contrato com o Estado), por 25.850 euros. Objecto: “Estruturar [em 90 dias] a implementação das acções previstas para o concelho no Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar”. Para a execução deste plano, o município dispunha então de 458 mil euros oriundos do Portugal 2020, a que se juntaram entretanto mais 487 mil.

Em Fevereiro de 2022, a professora/empresária conseguiu também a aprovação pelos fundos europeus, através da associação ADRACES, um subsídio de 70 mil euros, a pagar até ao final de 2023, para “expansão ou modernização” da Lab4tomorrow. Nesse ano, de acordo com as contas depositadas no registo comercial, a empresa registou zero euros de vendas, recebeu 17 mil euros do subsídio aprovado e gastou 22 mil euros com um empregado a tempo inteiro.

Ao que O Regiões conseguiu apurar, Catarina Pereira era alguém muito próximo de Armindo Jacinto, e estaria por dentro dos dossiers mais intrincados que existem na autarquia, pelo que alguns socialistas afirmam que «isto pode ser um prenuncio de que algo de muito mau pode estar para acontecer brevemente», informou fonte do Partido Socialista em Idanha-a-Nova. «Se ele ao menos tivesse um número dois à altura», confidenciou a O Regiões fonte igualmente ligada ao PS, «esta seria uma altura perfeita para se começar a pensar em passar a pasta». «O melhor que o Armindo fazia era seguir o exemplo do Álvaro, passar a pasta, sair de fininho. Isto vai acabar mal.» concluiu.

Por seu turno, fonte ligada aos meandros do PS no distrito, antevê também um cenário denso no horizonte: «As coisas não vão correr bem. Se isto continua assim, o PS arrisca a ter um dos piores resultados eleitorais de toda a sua história, em Idanha-a-Nova e também em Castelo Branco», concretizou.

Para substituir Catarina Pereira, à frende do CMCD, sobe à presidência o até agora vice-presidente, e deputado municipal eleito pelo PS, Alberto Umbelino Gonçalves.

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