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Autarquia não pode virar costas aos problemas dos agricultores

Escassez de terra para projectos dos jovens do concelho merece debate sério e urgente

Os diferentes projectos agrícolas que nos últimos anos se instalaram na campina de Idanha-a-Nova tiveram alguns resultados muito evidentes e favoráveis. Desde logo, a transformação positiva da paisagem, o redimensionamento do perímetro de rega, o aumento dos postos de trabalho e serviços associados, o estímulo ao comércio local, entre outros. Porém, com rigor e objectividade, não é possível ignorar a existência de consequências igualmente evidentes, mas nem por isso positivas. Caso da transformação negativa da paisagem, com a destruição de alguns ecossistemas ripícolas e a diminuição do universo faunístico e florístico do território, bem como a utilização massiva de químicos, pesticidas e herbicidas, prática que não é nova na campina, mas que esteve adormecida durante o período letárgico e de decadência que a agricultura vinha atravessando, agora interrompido graças aos avultados investimentos em curso.

Porém, para além destas duas consequências negativas, deve assinalar-se ainda um outro impacto adverso destes grandes projectos, o qual, não tendo sido ainda convenientemente examinado, deve, ainda assim, ser objecto de um debate sério e urgente, em vista de se avaliar a possibilidade de mitigar os seus efeitos.

Como é fácil de compreender, a terra de regadio existente no perímetro hidroagrícola da Barragem Marechal Carmona é um bem escasso e limitado, razão pela qual os grupos económicos responsáveis pela instalação das novas culturas, para quem o financiamento não constituiu um obstáculo, se debateram como puderam para conseguir reunir nas suas explorações o maior número de hectares possível. Consequência evidente deste esforço foi não só a diminuição de terras agrícolas disponíveis, mas, sobretudo, o aumento do seu preço, quer para compra, quer para arrendamento, uma vez que, como é sabido, a lei da oferta e da procura é um fenómeno que determina os preços dos produtos no mercado. Ora, a terra agrícola é apenas mais um bem susceptível de ser transacionado.

Deste modo, efeito perverso da brusca evolução dos preços da terra e da sua cada vez maior escassez foi, precisamente, o ter-se impedido que os jovens agricultores e agricultores do nosso concelho, quantos deles sem acesso às fontes de financiamento dos grandes grupos económicos, pudessem pensar em instalar-se ou diversificar e desenvolver a actividade agrícola na campina.

No nosso entendimento, sem querermos interferir nas leis do mercado, este assunto pode e deve ser discutido pela autarquia, no sentido de se encontrarem soluções que promovam o acesso à terra, sobretudo dos jovens agricultores do concelho de Idanha-a-Nova. Ciente das responsabilidades, atribuições e competências da Câmara Municipal, entidade territorial cujo primacial objectivo é a prossecução de interesses próprios da respectiva população, quero criar um grupo de trabalho alargado, cuja missão seja, justamente, tentar encontrar respostas adequadas a este problema. Porque a autarquia não pode e não deve virar costas às dificuldades dos nossos agricultores, e muito menos aos sonhos e projectos dos jovens do nosso concelho, porque eles são a nossa esperança e representam o nosso futuro.

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Pedro Rego
Pedro Rego
Advogado. Escreve artigos sobre diversas temáticas para o jornal ORegiões.

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