Por Um Albicastrense Desiludido
Ao passear por Castelo Branco numa tarde amena, tropeço — não literalmente, embora a calçada mal tratada o permitisse — num cartaz fincado num poste na relva do jardim, mesmo em frente ao antigo quartel de Cavalaria. O slogan, em letras vistosas e entusiasmo forçado, dizia: “Beira Baixa — o futuro já”. O cartaz mostrava dois rostos bem conhecidos do Partido Socialista: Pedro Nuno Santos, candidato a Primeiro-Ministro, e Nuno Fazenda, cabeça de lista pelo círculo eleitoral. Mas o que me saltou à vista não foram as caras nem o entusiasmo: foi o nome — Beira Baixa.
Desde quando o nosso círculo eleitoral passou a ser tratado por esta designação geográfica vaga e artificial? Por que motivo o PS, que no resto do país se refere corretamente aos círculos eleitorais pelos nomes dos respetivos distritos, aqui faz malabarismo com a geografia e evita dizer “Castelo Branco”? Há vergonha no nome? Há um pudor qualquer em reconhecer que este distrito ainda tem uma capital?
Não se diz “Estremadura” em vez de Lisboa, nem “Douro Litoral” em vez do Porto. Mas aqui, no centro do país, onde ainda resiste um orgulho albicastrense cada vez mais desgastado, parece que o nome do distrito tem de ser diluído em regionalismos confusos — talvez para não melindrar quem está a crescer à nossa custa.
E a razão é tão clara quanto preocupante: o candidato número um do PS pelo círculo é da Covilhã. E Castelo Branco, que ainda é a capital de distrito — pelo menos no papel —, vai sendo tratada como um subúrbio serrano de um concelho vizinho que, com a conivência do poder socialista local, cresce à nossa custa.
Tudo isto tem rostos. Três, para sermos exatos. Três coveiros do PS no distrito de Castelo Branco:
Leopoldo Rodrigues, presidente da câmara da cidade e presidente da concelhia socialista, um autarca apático, incapaz de defender o concelho, muito menos o distrito; Vítor Pereira, autarca da Covilhã e presidente da distrital do PS, homem que gere o partido como se fosse uma confraria serrana; e Armindo Jacinto, presidente da câmara de Idanha-a-Nova e da respetiva concelhia, cuja visão de futuro parece ter-se esfumado com o último festival rural.
Estes três conseguiram um feito inédito: afundar politicamente o distrito de Castelo Branco, apagar a identidade do partido na região, e entregar o protagonismo a concelhos vizinhos, ao mesmo tempo que mantêm o partido fechado numa bolha de autoelogio e promessas vazias.
Castelo Branco definha. Os investimentos desviam-se. As oportunidades fogem. As obras fazem-se aos solavancos, quando se fazem. Os albicastrenses assistem, resignados, ao avanço de outras cidades, enquanto a sua é transformada num cenário de cartaz.
Na última grande ação de campanha, o PS encheu o Cine-Teatro Avenida. Aparentemente um sucesso, até se perceber que os lugares foram ocupados por militantes e simpatizantes vindos de fora: Covilhanenses no balcão, Idanhenses na plateia. Gente de Castelo Branco? Muito pouca. E desses, os habituais figurantes à espera de que, em caso de vitória, sobre algum cargo ou comissão.
A candidatura de Pedro Nuno Santos e Nuno Fazenda vem embalada num discurso de modernidade, mas carrega a mesma mediocridade de sempre. São os rostos de um projeto que se esgota em frases feitas e promessas recicladas. Um projeto onde o nome da cidade sede do distrito já não cabe no slogan.
Beira Baixa?
Não, senhores. O nome é Castelo Branco.
E continuará a ser, apesar dos que querem apagá-lo por conveniência política ou por servilismo regional.
Mas cuidado: os coveiros estão de pá na mão. E a cova já vai funda.
O FJPires está equivocado. A última vez que o PSD esteve à frente da CMCBranco encheu a cidade de caixotes de betão, teve que vir um socialista de Idanha para fazer qualquer coisa decente em CBranco. Assim só por manifesto amor pelo PSD é que o FJPires acha que o candidato idoso que aquele partido agora apoia vai melhorar CBranco. A verdade que custa ao FJPires é que o PSD não conseguiu sequer arranjar um candidato minimamente decente para tentar disputar a CMunicipal o que é mais estranho quando logo ali ao lado tinha o dinâmico presidente da CMFundão que não se ia recandidatar por ter chegado ao limite dos mandatos.
J. Serrasqueiro muito bem dito