Em Castelo Branco, dizem que há quem governe e há quem anuncie. Sob a liderança do presidente atual, assistimos a uma nova era em que a arte da gestão pública se resume a festivais, a festas e a viagens, enquanto as necessidades dos munícipes são elegantemente bloqueadas — tanto no sentido figurado como literal. A propaganda digital, outrora um símbolo de transparência, converteu-se numa ferramenta para silenciar qualquer voz que ouse questionar o imperador dos anúncios e das promessas. E quem se atreve a discordar é varrido da paisagem digital.
Há três anos, quando o presidente assumiu o cargo, prometeu colocar “Castelo Branco no mapa”. De facto, o fez: na agenda de festivais e convívios e nas fotos de viagens, aparentemente essenciais para a “promoção do município”. No entanto, a verdadeira missão de cuidar das infraestruturas e da qualidade de vida dos albicastrenses ficou perdida algures nos corredores da autarquia.
O caso da António Estaço Costa e dos moradores da urbanização da Carapalha é um exemplo clássico. Anos de pedidos para obras, insistência que já ultrapassou mais do que um executivo, e o resultado? Um empedernido “nada”. A rua da Carapalha — que espelha bem a negligência — é um retrato da cidade invisível aos olhos de quem decide. Para o presidente, o que importa é o passeio verde e as zonas que lhe convêm, onde cada pedra serve mais à imagem do que à função.
Mas eis que Alberto (nome ficticio), munido de determinação juvenil, decide fazer o que qualquer cidadão esperaria poder fazer em 2024: utilizar as redes sociais para expor a sua frustração. O que recebeu em troca? Diálogo? Transparência? Compreensão? Nada disso. O jovem foi bloqueado, a sua mensagem apagada, como quem arruma uma peça incómoda de um cenário já montado. E não foi o único. Um número crescente de munícipes de várias zonas da cidade relata a mesma experiência: tentam falar, são silenciados; tentam participar, são banidos.
O que o presidente não percebeu é que, ao bloquear as críticas, não apaga a realidade. A cada comentário eliminado, a cada munícipe ignorado, mais se espessa a percepção de uma Câmara desinteressada naqueles que afirma representar. Em vez de governar para os cidadãos, este presidente parece governar para a imagem — e para a sua própria galeria de ex-presidentes, onde brevemente espera ver o seu retrato exposto. Lá ficará, como símbolo de um mandato repleto de boas intenções e vazios resultados.
Os poucos canais de comunicação que restam aos munícipes são os jornais locais, como o OREGIÕES. Mas mesmo aqui, há quem diga que o presidente já conseguiu vergar a coluna. Notícias incómodas? Ora, isso resolve-se da mesma forma: o jornalista que ousa criticar é afastado, o diretor bloqueado, e assim se “controla a narrativa” mas o presidente está enganado, o jornalista continua com as crónicas a mostrar e a ser voz do povo no ORegiões. Aqui o presidente não manda nem bloqueia muito menos silência ao não dar publicidade, porque o jornal só aceita publicidade para divulgação de eventos, não com mensagens de megafone, deste ou de qualquer Edil de câmara. Porém, não há censura digital que esconda a negligência: Castelo Branco continua a precisar de obras, de manutenção, de atenção verdadeira — tudo o que não se resolve com filtros nas redes sociais.
E quando já não houver quem o lembre ou cobre ações? O presidente pode talvez ir confortavelmente “fazer anúncios” em paz. As ruas? Que fiquem para quem nelas mora.