Em 2025, Castelo Branco não faz parte do percurso da Volta a Portugal nem da La Vuelta a España. Esta ausência, mais do que um detalhe desportivo, deve levar-nos a refletir sobre o posicionamento da cidade no panorama regional e nacional.
Em 2024, a autarquia anunciou com grande entusiasmo a passagem da La Vuelta pela cidade, com um investimento público muito significativo. O evento foi apresentado como um marco estratégico, com a promessa de atrair milhares de visitantes, gerar retorno económico e dar visibilidade internacional a Castelo Branco.
Um ano depois, os efeitos concretos dessa aposta ainda não são claros. E mais relevante: não houve continuidade. A cidade ficou de fora dos circuitos das duas maiores competições de ciclismo que atravessam o país, incluindo a Volta a Portugal, tão acarinhada pelos portugueses e que, ano após ano, percorre o interior com entusiasmo popular.
A organização destas provas obedece a critérios diversos, que incluem fatores logísticos, financeiros e de promoção local. Ainda assim, a exclusão simultânea de Castelo Branco levanta dúvidas legítimas sobre a articulação institucional, o seguimento dado aos projetos e a capacidade de manter a cidade como destino atrativo para estes eventos.
Enquanto isso, foi inaugurado um novo parque de estacionamento com 82 lugares numa das zonas mais movimentadas da cidade, junto ao Hospital, escolas e serviços públicos. A obra custou cerca de 293 mil euros. Embora qualquer melhoria nas infraestruturas de mobilidade seja positiva, esta intervenção revela limitações evidentes face às necessidades do local. Faltam soluções de maior escala, como estacionamento subterrâneo, e a ausência de zonas arborizadas é uma lacuna num tempo em que o conforto térmico urbano se torna cada vez mais relevante.

Estes dois casos — a perda de visibilidade nas grandes provas e a construção de soluções limitadas para problemas estruturais — não podem ser ignorados. Revelam um padrão: falta de planeamento a longo prazo e de visão estratégica para a cidade.
Não está em causa a legalidade das decisões. Mas sim a sua utilidade, oportunidade e impacto futuro. A boa gestão pública exige mais do que inaugurações ou eventos pontuais. Exige consistência, escuta ativa da população e compromisso com soluções duradouras.
Castelo Branco tem condições para ser muito mais do que uma etapa ocasional. Merece uma liderança capaz de consolidar projetos, captar oportunidades e transformar investimentos em progresso. O tempo de promessas vagas passou. O que se exige agora é ambição com responsabilidade e visão com resultados.