Em declarações explosivas publicadas na sua rede social Truth Social, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que conhece a localização do líder supremo iraniano, o ‘ayatollah’ Ali Khamenei, e declarou que ele seria “um alvo fácil”. No entanto, o chefe da Casa Branca afastou, “pelo menos por enquanto”, a hipótese de ordenar sua eliminação

“Sabemos exatamente onde se esconde o chamado ‘líder supremo’. É um alvo fácil, mas lá ele está seguro. Não vamos eliminá-lo (matá-lo!), pelo menos por enquanto”, escreveu o presidente, numa das várias publicações feitas durante a madrugada desta terça-feira.
As declarações surgem num momento em que o Médio Oriente se encontra no centro de um novo conflito militar de grande escala. Desde 13 de junho, Israel tem conduzido ataques aéreos sobre instalações militares e nucleares iranianas, numa ofensiva que Telavive justifica como “ação preventiva” contra a capacidade balística e atômica da República Islâmica. O Irão, por sua vez, respondeu com bombardeamentos e drones que atingiram diversas áreas urbanas e militares israelitas.
Fontes oficiais dos dois países estimam que o número total de mortos ultrapassa os 230 — sendo mais de 200 em território iraniano e cerca de 30 em Israel. Centenas de civis ficaram feridos, e instalações estratégicas, como usinas elétricas e centros de comando militar, foram danificadas em ambos os lados.
EUA entre o apoio a Israel e a cautela estratégica
Embora a Casa Branca tenha negado envolvimento direto na ofensiva israelita, as mensagens de Trump deixaram clara a conivência norte-americana com a ação. Segundo o próprio presidente, os ataques ocorreram após o fim de um prazo de 60 dias dado ao regime de Teerão para encerrar o seu programa nuclear — prazo que, segundo Trump, foi ignorado.
“Eles tiveram todo o tempo que precisavam. Escolheram a arrogância. Agora terão que lidar com as consequências. Mas ainda há tempo para evitar o pior — se aceitarem uma rendição incondicional”, escreveu o presidente em letras maiúsculas.
O termo “rendição incondicional”, historicamente associado aos termos exigidos pelos Aliados na Segunda Guerra Mundial, indica uma postura inflexível dos EUA. Analistas internacionais já veem nas palavras de Trump uma tentativa de pressionar Teerão a negociar sob ameaça de ação militar direta.
Ao ser questionado por jornalistas sobre uma eventual entrada dos EUA no conflito ao lado de Israel, Trump recusou-se a dar uma resposta clara. O silêncio do presidente é interpretado como uma tática calculada de manter o Irão sob constante incerteza.
Saída do G7 e tensão entre líderes ocidentais
O agravamento da situação levou Trump a abandonar prematuramente a cimeira do G7, realizada nas Montanhas Rochosas, no Canadá. A decisão surpreendeu os líderes mundiais presentes, que tentavam, à porta fechada, encontrar uma solução diplomática para o conflito.
O presidente francês, Emmanuel Macron, sugeriu que os EUA haviam proposto um cessar-fogo, insinuando que a saída de Trump estaria ligada a uma missão de mediação. A reação de Trump foi imediata e cortante:
“Macron está à procura de publicidade. Disse erroneamente que voltei a Washington para negociar um cessar-fogo. Errado! Ele não tem ideia do motivo pelo qual deixei a cimeira. É muito mais importante do que isso.”
O presidente francês preferiu não responder diretamente, mas reforçou a necessidade de “coordenação e diplomacia, não dramatizações públicas”.
Já o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, anfitrião do encontro, destacou que o G7 deve “assumir a responsabilidade global” num dos momentos mais críticos da história recente. “O mundo está mais dividido e perigoso. A nossa ação conjunta será determinante”, afirmou.
Khamenei sob ameaça, Irão em silêncio
O regime iraniano ainda não respondeu oficialmente às declarações de Trump. Fontes diplomáticas em Teerão, sob anonimato, consideraram a ameaça como “psicologicamente calculada” para gerar instabilidade política interna. Observadores internacionais alertam, contudo, para o risco de radicalização, caso a liderança iraniana interprete as palavras de Trump como um plano concreto de assassinato.
Nos últimos anos, os EUA têm adotado táticas de eliminação de alvos de alto escalão, como aconteceu com o general Qassem Soleimani em 2020. A possibilidade de um ataque direto a Khamenei representa, segundo especialistas em segurança, uma escalada sem precedentes — comparável apenas aos assassinatos políticos da Guerra Fria.
Diplomacia em suspenso
Enquanto a escalada continua, o chanceler alemão Friedrich Merz anunciou que o seu governo redigirá uma proposta formal para impedir que o Irão obtenha armamento nuclear. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também expressaram preocupação com a deterioração da ordem internacional e defenderam uma retomada urgente das negociações multilaterais.
A Rússia e a China, que não fazem parte do G7, condenaram publicamente os ataques israelitas e acusaram os EUA de “alimentar o fogo da guerra”.
Com a situação ainda fluida, cresce o temor de que os próximos dias possam determinar não apenas o destino da guerra entre Israel e Irão, mas o rumo da segurança global.