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Os jovens leem menos?

O TiK ToK e o BiblioLed ajudam ao gosto pela leitura?

Há, em Portugal, mais jovens a ler levados pelo fenómeno das redes sociais onde “influencers” e “tiktokers” fazem recomendações de livros. Esta conclusão é importante porque, num mundo onde a pós verdade impera, o aprofundamento científico dos factos ajuda a encontrar a verdade. E sim, é também a “guerra” entre realidade e percepção.

É um fato que as principais redes sociais, bem como os motores de busca, estão nas mãos de gente como Elon Musk e Mark Zuckerberg, entre outros, que condicionam essas plataformas através da utilização de algoritmos, viciando resultados, seja para influenciar
decisões políticas ou orientar para a aquisição de certos bens e serviços. Isto é, muitas vezes são instrumentos que servem interesses pessoais ou de poderes
económicos. Não são organizações neutrais e independentes, como não são a maior parte dos jornais (que seguem a ideologia e os interesses de quem os detém) ou os bancos (que obtêm lucros fabulosos utilizando o nosso dinheiro). Afinal, a grande maioria dos países vive num sistema capitalista, onde quem manda são os grandes poderes económicos.

Se assim não fosse, não seria cada vez maior a diferença entre ricos e pobres e a riqueza estaria bem melhor distribuída! Todavia, as novas tecnologias de comunicação da informação não deixam de ser auxiliares essenciais para o conhecimentos nos dias de hoje, desde que devidamente utilizadas, o que depende de quem delas se serve para divertimento ou estudo. E os bancos servem para não precisarmos de guardar o dinheiro
debaixo do colchão…

Depois desta inesperada(?) introdução, onde tentei demonstrar que devemos saber serpentear entre as armadilhas da sociedade atual e aproveitar, de forma criativa e informada, o que “pode ser aproveitado”, vamos então desmontar a ideia de “agora os jovens são incultos e não se interessam pela leitura”. E um dia
também falaremos sobre a suposta alienação política dos jovens de agora!

A comissária do Plano Nacional de Leitura diz que há mais jovens dos 15 aos 25 anos a ler e que trocam o ecrã do telemóvel pelo livro em papel. E continua: há, em Portugal, mais jovens a ler levados pelo fenómeno das redes sociais onde “influencers” e “tiktokers” fazem
recomendações de livros. Esta conclusão levou, segundo Regina Duarte, a criar um Consultório de Leitura, “porque isso permite-nos uma relação de maior proximidade com os leitores, sobretudo os leitores adultos, bem como sugerir leituras, que é uma coisa
que é muito procurada. E há muita procura por não ficção, portanto, gostam de reportagens, entrevistas, biografias e nós temos sugestões para essas preferências”.

É um tempo que nos descansa de um ritmo que nós, biológicamente, ainda não estamos preparados, nem adaptados. Andamos a forçar-nos constantemente ao ritmo da informação em linha, da quantidade de informação, de múltiplas fontes, da resposta imediata a tudo, e o livro em papel permite-nos um ritmo que é mais o nosso biológico, e que isso tem muitos benefícios mentais e de saúde.

Infelizmente, os livros em Portugal ainda são muito caros. Todos os anos é enviado financiamento para as escolas comprarem livros para atualizarem os seus repositórios, e as bibliotecas municipais também o têm feito.

Acresce que, segundo dados de 2023, há mais livros a ser comprados em Portugal e, lá está, são os jovens os principais responsáveis pelo facto, principalmente os tais jovens dos 15 aos 25. São melhorias face à tendência negativa apresentada pelos anteriores dados
sobre o setor, revelam os números de um novo estudo promovido pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) e realizado pela GfK (empresa denominada Crescimento pelo Conhecimento). Os dados sobre o “Mercado do Livro e Hábitos de Compra em Portugal”, foram divulgados em Portugal e na Europa.

Afirma o Presidente da APEL, Pedro Sobral, recentemente falecido, que a compra, leitura e partilha de livros é agora muito comum entre os jovens, o que é extremamente positivo para o futuro da leitura. O romance continua a ser o género literário preferido de quem compra livros (69%), seguindo-se o romance histórico (52%). Os livros infanto juvenis continuam a alimentar 50% das compras efetuadas — este segmento foi o que mais vendeu e, dos 15 livros de ficção de maior sucesso em 2022, 10 são populares
entre adolescentes e jovens adultos” Claro que também podemos ler no digital, mas essa
percentagem não é muito elevada em Portugal. Papel é o formato privilegiado por quem compra livros, correspondendo a 99% das compras efetuadas, sobretudo, também, em livrarias e lojas físicas (88%).

O digital, no entanto, ganha algum terreno: 8% dos leitores compram livros digitais; 39% compram livros – físicos ou digitais – em lojas online.

Os resultados dos alunos que têm famílias que não leem, em digital ou em suporte físico, são sempre muito mais baixos academicamente do que os que têm famílias que leem, já sabíamos, e Portugal tem índices de leitura dos mais baixos da Europa.

No campo do digital, merece especial referência o projeto BiblioLed, Biblioteca Pública de Leitura e Empréstimo Digital, que presta um serviço de empréstimo gratuito de livros digitais e audiolivros disponibilizado através das bibliotecas municipais aderentes que integram a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP). Com este novo serviço pretende-se fomentar os hábitos de leitura, promover serviços de qualidade nas bibliotecas municipais da RNBP, incentivar a literacia digital e facilitar o acesso gratuito, acessível e fácil a livros digitais e audiolivros, em complemento ao serviço presencial oferecido pelas 445 bibliotecas que integram a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas.

O catálogo de títulos da BiblioLed é constituído por uma coleção nacional disponibilizada a
todas as bibliotecas aderentes da RNBP e por 25 coleções regionais apenas acessíveis em cada Rede Intermunicipal e Rede Metropolitana.

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Joaquim Correia
Joaquim Correia
“É com prazer que passo a colaborar no jornal Regiões, até porque percebo que o conceito de “regiões” tem aqui um sentido abrangente e não meramente nacional, incluÍndo o resto do mundo. Será nessa perspectiva que tentarei contar algumas histórias.” Estudou em Portugal e Angola, onde também prestou Serviço Militar. Viveu 11 anos em Macau, ponto de partida para conhecer o Oriente. Licenciatura em Direito, tendo praticado advocacia Pós-Graduação em Ciências Documentais, tendo lecionado na Universidade de Macau. É autor de diversos trabalhos ligados à investigação, particularmente no campo musical

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