Fiz, em 1999, a cobertura do processo de transição para a Revista Macau, bem como parte das fotografias para o livro de José Pedro Castanheira, jornalista do Expresso, “Macau: Os últimos 100 dias do Império” – Livros do Oriente e D. Quixote.
Tive assim oportunidade de captar imagens da fase final da administração portuguesa, como a última reunião do Conselho Consultivo do governador Rocha Vieira, ou a última sessão solene do Leal Senado de Macau, tendo na mesa, para além do Governador, o Secretário para a Administração Pública, Educação e Juventude, Jorge Hagedorn Rangel e o Presidente do Leal Senado, José Luís de Sales Marques. Nessa sessão foi atribuído ao general Vasco Rocha Vieira o título de Cidadão Honorário de Macau.
Com a presença do Presidente da República de Portugal, foi, para além doutras cerimónias oficiais, descerrada na Gruta de Camões, no jardim do mesmo nome, uma placa. Presentes, para além de convidados, o Governador Rocha Vieira e sua esposa, Maria Leonor Soares de Albergaria, Presidente Jorge Sampaio e esposa, Maria José Ritta, Presidente do Leal Senado de Macau José Luís de Sales Marques, alunas da Escola Portuguesa de Macau.
A apresentação à comunidade do primeiro Cônsul-Geral de Portugal para Macau e Hong Kong, Embaixador Carlos Frota, contou com a presença do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Jaime Gama e do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Lello, no auditório do Consulado-Geral, então inaugurado.
Em pavilhão montado para o efeito, teve lugar a cerimónia da transferência, marcada simbolicamente pelo arrear das bandeiras de Portugal e do Leal Senado de Macau e pelo hastear das da nova Região Administrativa Especial de Macau e da República Popular da China. Momentos altos foram também os discursos do Presidente de Portugal, Jorge Sampaio e do Presidente da República Popular da China, Jiang Zemin.
Com a entrada no território do contingente do Exército Popular de Libertação e a parada popular que se seguiu, iniciava-se em Macau uma nova era, com a criação da RAEM.
As fotografias que constituem esta mostra visam tão somente relembrar os acontecimentos atrás sumariamente descritos.
São documentos históricos, irrepetíveis, originados ainda em formato analógico, filme portanto, com as contingências técnicas da fotografia “pré digital”. Vê-los impressos e expostos, 25 anos depois, tem a importância do partilhar de memórias que sempre estiveram vivas, alimentadas pela permanência em Macau e por tudo o que aqui tenho podido concretizar.