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A Irritação vai ao Ginásio

Parecem estar na sua sala de estar, telemóvel na mão! Sentados a desfrutar do YouTube, enviando mensagens ou em conversas despreocupadas e certamente desnecessárias, completamente alheados de quem queira utilizar a máquina de exercícios que ocupam. É fácil adivinhar que poucos estarão a controlar a resposta do corpo ao treino programado, substituindo as fichas para tal distribuídas.

Sei que os ginásios tentaram impedir esta prática, mas tantas foram as discussões com os utentes, que acabaram por ceder, de tal forma que esse irritante mau hábito se normalizou. O império do telemóvel.

Outros personagens sempre existiram, aqueles que gemem e exalam profundas e sonoras inspirações e expirações enquanto praticam os exercícios, sem dúvida para ajudar a levantar as cargas e, em alguns casos, para mostrarem o esforço. A esses até acho graça, pelo ridículo que demonstram…

Há mais de mil clubes de “fitness” em Portugal, com cerca de 700 mil praticantes ou, melhor dizendo, inscritos e a pagar mensalidades. É bem sabido que a grande maioria das pessoas que se inscreve é pouco assídua, muitas irão apenas uma vez por semana ou mesmo só de vez em quando… Eu faço parte dos 700 mil, desde os anos 90 que, com bastantes interrupções, vou frequentando ginásios.

A primeira inscrição foi em Macau, no Hotel Hyatt, quem passou por Macau lembra-se desse espaço, perto de outro local também popular, embora por razões diferentes, o Lock Un (com histórias que merecem ser contadas). Os utentes eram principalmente homens adultos e as raras mulheres seriam chinesas, Filipinas ou Tailandesas, talvez dançarinas nos poucos casinos de então, se bem me lembro eram nove, entre eles o Hotel e Casino Lisboa, o Jai Alai e o Casino Flutuante. Agora são cerca de 30.

Questionei o ChatGPT (já percebi que é muito importante saber fazer as perguntas) e obtive a seguinte resposta: “considerando os portugueses activos com menos de 35 anos, cerca de 22% frequentam o ginásio e 16% correm. A partir dos 25 anos, a caminhada é sempre a actividade mais praticada, com valores acima dos 70% nas pessoas activas com mais de 55 anos”. Também descobri que a ida ao ginásio/ health club é mais frequente nas mulheres do que nos homens (confesso a minha surpresa) e que os mais jovens são mais assíduos que os idosos. Entre as classes sociais também se registam diferenças, com os valores a baixar progressivamente de 30.3% entre os indivíduos das classes alta e média alta até aos 12.7% junto dos indivíduos das classes média baixa e baixa… falta dinheiro e tempo, além de que o seu trabalho, muitas vezes, já é suficientemente cansativo e não sobra vontade para suar mais…

Em Portugal, apenas nos finais dos anos 80 surgiu formação académica na área do desporto, nas suas variadas vertentes, anteriormente só contemplava os alunos que queriam ser futuros professores de Educação Física.

Imaginem um espaço escuro, sujo, com halteres, barras pesadas, suportes e homens nem sempre bem cheirosos a trabalharem os músculos com enormes cargas, estilo “Rocky”. Era assim o ambiente nos primeiros ginásios do país, que se concentravam em Lisboa. Eram locais “underground”, que as mulheres não deviam frequentar porque não lhes ficava bem. Atualmente são centros de lazer, com variedade de atividades que dependem do espaço disponível, com as grandes academias a ministrarem aulas de Yoga, Pilates, etc, para além das salas de máquinas de musculação ou halteres, bicicletas e outros sistemas para fazer
trabalhar a resistência, força, velocidade e flexibilidade.

Confesso que prefiro exercícios na natureza, gosto de ir para Monsanto caminhar e praticar algumas posturas de Yoga, que combino com alongamentos e algum fortalecimento muscular. Em Macau ia para o jardim Lou Lim Ieoc ou outra das várias zonas verdes, onde era fácil encontrar idosos, normalmente magrinhos e secos, treinando artes marciais em grupos mistos. Será que, hoje em dia, também agarram um telemóvel, enquanto praticam os Katas

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Joaquim Correia
Joaquim Correia
“É com prazer que passo a colaborar no jornal Regiões, até porque percebo que o conceito de “regiões” tem aqui um sentido abrangente e não meramente nacional, incluÍndo o resto do mundo. Será nessa perspectiva que tentarei contar algumas histórias.” Estudou em Portugal e Angola, onde também prestou Serviço Militar. Viveu 11 anos em Macau, ponto de partida para conhecer o Oriente. Licenciatura em Direito, tendo praticado advocacia Pós-Graduação em Ciências Documentais, tendo lecionado na Universidade de Macau. É autor de diversos trabalhos ligados à investigação, particularmente no campo musical

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