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Caso das Gémeas – A Manipulação do Poder: Quando a Saúde Pública se Torna um Palco de Interferência Política

A revelação recente da mãe das gémeas tratadas com Zolgensma no Hospital de Santa Maria levantou questões alarmantes sobre a possível interferência do Presidente da República no acesso ao tratamento. Daniela Luzado Martins, mãe das gémeas luso-brasileiras, afirmou perante a Comissão Parlamentar de Inquérito que se comentava no hospital que a sua presença ali se devia a um mandado presidencial. “Era ouvido no hospital que eu estava lá a mando do Presidente da República, e eu passei a acreditar nisso,” declarou

Daniela Luzado Martins, mãe das gémeas luso-brasileiras
Foto: Gerardo Santos e Paulo Spranger/Global Imagens] – Audição de Daniela Luzado Martins na qualidade de mãe das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma

Esta declaração surge num contexto já tenso e complexo. As gémeas, tratadas com um dos medicamentos mais caros do mundo, estavam no centro de um debate aceso sobre equidade no acesso a tratamentos inovadores. A situação agrava-se com as alegações de interferência política, sugerindo que a saúde pública em Portugal pode estar vulnerável a manipulações de poder e influência.

Durante o inquérito parlamentar, Daniela Martins reiterou que não tem conhecimento dos bastidores do hospital. “Eu não sei os bastidores. Se diziam que o Presidente interferiu, foi uma coisa que eu passei a acreditar,” insistiu. Esta falta de clareza e transparência no processo de acesso ao tratamento não só levanta questões éticas, como também mina a confiança pública nas instituições de saúde.

A mãe das gémeas negou categoricamente ter tido qualquer contacto direto com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ou seu filho, Nuno Rebelo de Sousa. “Eu nunca tentei fazer amizades no hospital, ter algum privilégio,” afirmou, destacando que o seu único objetivo era garantir o melhor tratamento para as suas filhas.

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A introdução do medicamento Zolgensma no tratamento das gémeas, embora inovadora e promissora, tornou-se assim um campo de batalha entre a necessidade de transparência e a suspeita de favoritismo político. A insistência de Daniela Martins em que os seus esforços foram exclusivamente focados no tratamento das meninas, e não em procurar privilégios, deve ser uma chamada de atenção para a necessidade de processos claros e justos no sistema de saúde.

Estas alegações de interferência política são um sintoma preocupante de uma doença mais profunda no sistema de saúde português: a susceptibilidade à influência indevida e à falta de equidade. A saúde pública deve ser um direito inalienável, acessível a todos com base na necessidade e não no poder de influência.

A Comissão Parlamentar de Inquérito tem agora a responsabilidade de investigar a fundo estas alegações, garantindo que todos os aspetos deste caso sejam escrutinados e que medidas sejam tomadas para evitar futuras interferências. A confiança do público nas instituições de saúde depende disso.

Quando a política se imiscui na saúde, quem mais sofre são os cidadãos. A manipulação do poder para fins pessoais ou políticos é uma traição aos princípios fundamentais da equidade e justiça. Cabe a todos nós, enquanto sociedade, exigir transparência e integridade, garantindo que a saúde pública permaneça um domínio onde a necessidade, e não o favoritismo, dita as prioridades.

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