Ex-presidente do BEI é acusado de corrupção, mas, como é lógico, o advogado de Werner Hoyer nega. Em causa está a saída de um trabalhador do BEI e a indemnização que lhe foi paga neste contexto, que envolveu um acordo que teve de ser assinado pelo então presidente. Por mera coincidência, o português Nuno Fernandes foi nomeado, também esta segunda-feira, presidente do Comité de Auditoria do Banco Europeu de Investimento
A Procuradoria Europeia está a investigar o antigo presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Werner Hoyer, por suspeitas de corrupção, abuso de influência e apropriação indevida de fundos europeus, acusações negadas pelo advogado do economista. O advogado caracteriza de “absurdas e infundadas” aquelas acusações, em declarações ao Europa Press.
Esta investigação surgiu esta segunda-feira depois de ter sido levantada a imunidade a Werner Hoyer, bem como a um conjunto de antigos funcionários do BEI. Em causa está a saída de um trabalhador do BEI e a indemnização que lhe foi paga neste contexto, que envolveu um acordo que teve de ser assinado pelo então presidente.
No entanto, Nikolaos Gazeas, o advogado do ex-presidente, refere que este “nunca participou nas negociações referentes à saída do funcionário”, tendo apenas seguido as recomendações do departamento responsável pelo processo.
Gazeas argumenta assim que “as acusações de corrupção e abuso de influência, bem como de desvio de fundos da União Europeia contra Hoyer são completamente absurdas e infundadas”. Segundo o advogado, foi Hoyer que pediu para ser levantada a imunidade, tendo também apelado ao BEI que cooperasse com a Procuradoria Europeia, dando toda a informação relativa a este caso.
Werner Hoyer foi presidente do BEI por dois mandatos consecutivos, de 2012 a 2023. Foi substituído no cargo no início deste ano pela ex-vice-presidente espanhola Nadia Calviño.
Português nomeado para Comité de Auditoria
Entretanto, por uma “infeliz coincidência”, o Banco Europeu de Investimento (BEI) anunciou também esta segunda-feira a nomeação de Nuno Fernandes como Presidente do seu Comité de Auditoria. O especialista em finanças e governance traz consigo uma vasta experiência, tendo ocupado anteriormente o cargo de Presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal de 2018 a 2023.
Com um currículo destacado que inclui a posição de Professor Catedrático de Finanças na IESE Business School e Investigador Associado no European Corporate Governance Institute, Nuno Fernandes acumulou mais de duas décadas de experiência em consultoria para empresas e instituições financeiras globalmente. A sua expertise abrange diversas regiões, incluindo Ásia, Europa, América Latina e Oriente Médio.
O BEI, como principal banco multilateral da União Europeia, desempenha um papel crucial no financiamento de projetos que promovem os objetivos estratégicos da UE, como infraestrutura, inovação, apoio a PMEs e sustentabilidade ambiental.
O Comité de Auditoria, sob sua liderança, será responsável por supervisionar a integridade financeira do BEI, garantir o cumprimento das melhores práticas e princípios estabelecidos, além de gerir o risco e supervisionar auditorias internas e externas.
“O papel do Banco é mais importante do que nunca”, afirmou o Nuno Fernandes, “uma vez que a UE enfrenta perturbações económicas que vão desde a inflação e o elevado custo do capital até às tensões geopolíticas e às alterações climáticas. Estou entusiasmado, e muito honrado, por poder ajudar o banco neste período”.
Além de sua liderança na Odgers Berndtson Board Solutions, onde se tem destacado na resolução de desafios complexos relacionados aos Conselhos de Administração, Nuno Fernandes traz consigo um compromisso renovado com a governance sólida e a conformidade rigorosa.
