Na vida política, os termómetros sobem e descem com uma rapidez impressionante, mas em Castelo Branco, o calor está longe de ser algo metafórico. A recente polémica sobre a contratação de meios aéreos para o combate aos incêndios deixou claro que, por estas bandas, as chamas de despreocupação e desconhecimento têm alimentado ainda mais o incêndio da discordância.
No coração da questão, está a contratação dos meios aéreos, que, se já é tardia, parece estar a arrastar-se em uma dança lenta e incerta. A falta de urgência no processo de abertura do concurso internacional e a iminente possibilidade de encerramento do mesmo sem alterações, tem gerado apreensão e frustração. Aliás, o que se prevê é que o contrato contemple o mesmo número de helicópteros que o concurso anterior. Algo que, ao que parece, é mais do que suficiente para acirrar os ânimos e colocar em causa a segurança do interior do país.
A Câmara Municipal, representada pela sua maioria de eleitos, não ficou impávida e serena perante este cenário. Aprovaram, por unanimidade, uma moção exigindo a reversão desta decisão. Uma tomada de posição que, de acordo com alguns, não passa de um reflexo de desconhecimento da realidade, ou talvez de um tactismo político bem ensaiado. Entre os que preferem acreditar que as intenções são puras, e os que veem nesta reação uma tentativa de agitar as águas para ganhar protagonismo, resta a questão: até onde chega o interesse genuíno pela cidade?
Carlos Almeida, pelo PSD de Castelo Branco, não perdeu tempo em se manifestar sobre o tema. Utilizando as redes sociais, qualificou a preocupação da Câmara e dos cidadãos como alarmista, e fez um post que, ao invés de esclarecer, parece ter sido escrito para semear ainda mais discórdia. “Alarmistas”, foi o termo utilizado para descrever aqueles que, como a própria Câmara, exigem uma resposta urgente e eficaz às ameaças que pairam sobre o território. Não poderia ser mais revelador. A subserviência política do senhor Almeida ao governo central, especialmente à AD, parece ser mais importante do que o bem-estar da cidade e da região. Aliás, quem está de fora poderá facilmente perceber que, ao atacar a Câmara Municipal e os cidadãos que a apoiam, Almeida está apenas a tentar ganhar favor com aqueles que, na sua visão, detêm o poder.
Este não é o primeiro episódio de Carlos Almeida tentar ser o paladino da moralidade e da justiça, sem grandes preocupações com a veracidade das acusações. Recordo-me bem de quando se insurgiu contra uma central de compostagem, numa acusação sem fundamentos que, ao fim e ao cabo, se revelou vazia e infundada. Na altura, a investigação jornalística feita pelo ORegiões e a transparência demonstrada pela empresa, que cumpre todas as normas ambientais e emprega dezenas de pessoas, deixaram-no sem argumentos. Agora, tenta-se destacar, mais uma vez, sem qualquer noção da responsabilidade que uma opinião pública tão dividida exige.
Em resumo, a posição de Carlos Almeida é, no mínimo, questionável. E, ao invés de procurar soluções reais e concretas para os problemas da cidade e da região, prefere alimentar o fogo da polémica, esperando que algum “tacho” político caia na sua direção. Enquanto isso, a cidade de Castelo Branco continua a arder, não só pelos incêndios que ameaçam o território, mas também pelas atitudes alarmistas e de interesses pessoais que colocam em risco o futuro da região.
Seria mais produtivo, talvez, se Almeida fosse um pouco mais genuíno nas suas ações e um pouco menos submisso às linhas de partido. A cidade e o interior de Portugal merecem algo mais do que alarmismo vazio e jogadas políticas que só servem para desviar a atenção dos reais problemas que enfrentamos.