Num cenário de nostalgia desbotada e promessas ocas, Castelo Branco vive encurralada entre a memória de um passado glorioso e a dura realidade de um presente estagnado. A cidade que outrora prometia modernidade e progresso está hoje aprisionada na inércia, sob a gestão de líderes que, longe de serem visionários, parecem mais conservadores de um museu ao ar livre.
Num almoço recente com um amigo de longa data, ambos filhos desta terra e ambos já veteranos, revisitámos os sonhos de outrora. Na juventude, olhávamos para Castelo Branco como um lugar com futuro, mesmo que a diversão e a cultura fossem um privilégio de quem podia viajar. Com o passar dos anos, a esperança era de que a cidade evoluísse, que as nossas crianças não precisassem de partir para encontrar oportunidades. No entanto, o que temos hoje é uma cidade parada no tempo, onde o futuro parece ser uma miragem.
O meu amigo, empresário incansável e otimista de coração, continua a investir no que acredita. Com uma folha de serviços por todo país, é em Castelo Branco, que investe o que ganha fora da cidade apesar do aumento com as despesas de deslocações, porque na cidade já pouco serviço faz, por um “bloqueio” camarário. Criou até agora 25 postos de trabalho onde cerca de metade já do efetivo dos trabalhadores, estão a viverem em casas da empresa e, com eletricidade e água paga, tem como objetivo também alargar ao resto dos outros trabalhadores com estas condições, restaurou e revitalizou edifícios e lutou, sozinho, pelo desenvolvimento da cidade. Mas, apesar dos esforços, a resposta das autoridades é sempre a mesma: o silêncio. Em vez de ver um parceiro no município, encontra uma entidade surda e indiferente, como se gerir a cidade fosse um exercício de manutenção e não de construção. Ao longo dos anos deste atual executivo, enviou cartas com propostas concretas e a custo zero para a câmara, ideias práticas que poderiam revitalizar a cidade, mas não recebeu sequer uma palavra de retorno. É como se a Câmara fosse habitada por fantasmas, os mesmos que mantêm a cidade refém de uma gestão sem ambição.
A cidade que amamos parece ter caído num ciclo sem fim de anúncios vazios e promessas esquecidas. Recentemente, assistimos a mais um espetáculo de pirotecnia política, com a reabertura dos antigos CTT como “novo centro empresarial” eliminando assim um espaço de galeria para exposições. No entanto, os supostos novos empregos não são mais que transferências de empresas que já existiam na zona industrial, mascaradas de criação de oportunidades. É uma tapeçaria ilusória, urdida para desviar a atenção da realidade estagnada de Castelo Branco.
Leopoldo Rodrigues, o atual presidente, é mestre em promessas que nunca saem do papel. Um hotel que nunca foi construído, projetos que são mencionados em campanhas e desaparecem logo depois – uma triste repetição que já virou rotina para os albicastrenses. Quem quer investir realmente, quem deseja ver a cidade crescer, vê-se face a uma parede de inércia e de burocracia. Até quando o senhor presidente vai empurrar a cidade para o passado, recusando as ideias e os investimentos que poderiam dar-lhe nova vida?
Olhamos para outras cidades e vemos progresso, inovação, dinamismo. Em Castelo Branco, vemos nostalgia e um futuro que se assemelha cada vez mais a um “mausoléu”, do que a uma cidade viva. Os jovens, cada vez mais, partem para terras onde se respira inovação e futuro. O que resta são ruas silenciosas, prédios vazios, praças onde o tempo parece ter parado.
É chegada a hora de exigir mais. De parar de aceitar este espetáculo de gestão fantasmagórica que não leva a cidade a lado algum. Precisamos de líderes que tenham a coragem de ouvir, de agir, de colaborar com quem acredita em Castelo Branco e quer investir nela. Chega de uma cidade refém da sua própria inércia, governada por uma administração que a vê apenas como um feudo estático.
Senhor Presidente, para onde pretende levar Castelo Branco? Vamos continuar a assistir à partida dos jovens, ao esvaziamento das oportunidades, ao envelhecimento da cidade? Ou vai, finalmente, abrir as portas a quem quer, genuinamente, transformar Castelo Branco numa cidade com vida, com futuro, com orgulho?
Os albicastrenses merecem mais que isto. Merecem uma cidade que evolua, onde as crianças tenham onde crescer, onde os adultos tenham onde trabalhar, onde a comunidade tenha onde prosperar. É tempo de pôr fim à encenação e de construir, de verdade, um futuro.