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Dia Mundial do Combate à Seca destaca degradação acelerada do solo e a importância da ação global

As secas estão entre as maiores ameaças ao desenvolvimento sustentável, com previsões que indicam que até 2050 mais de três quartos da população mundial poderão ser afetados. Todos os anos, o equivalente a quatro campos de futebol de terra saudável é degradado a cada segundo, totalizando 100 milhões de hectares, o que significa que cerca de 40% de toda a área terrestre já está degradada.

Estes alarmantes dados levaram a ONU a adotar o lema “Unidos pela Terra. O nosso legado. O nosso futuro” para assinalar o Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, que se celebra na próxima segunda-feira. A iniciativa visa sensibilizar para os esforços internacionais na luta contra a desertificação, degradação dos solos e seca, apresentando soluções para prevenir e reverter estas situações.

A efeméride, estabelecida em 1994, é celebrada este ano com um foco especial na Alemanha, que acolhe as principais iniciativas de sensibilização, coincidentes com os 30 anos da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), com sede em Bona. Representantes de todo o mundo irão reunir-se para debater iniciativas que garantam terras saudáveis para as gerações futuras.

A ONU, ao anunciar Bona como o centro das comemorações, destacou a importância do envolvimento das atuais e futuras gerações para travar e inverter as “tendências alarmantes” e cumprir os compromissos globais de recuperar mil milhões de hectares de terras degradadas até 2030.

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Ibrahim Thiaw, secretário executivo da CNUCD, recordou que cerca de 40% das terras do mundo estão degradadas, afetando quase metade da humanidade. No entanto, sublinhou que existem soluções viáveis, afirmando: “A recuperação de terras retira as pessoas da pobreza e aumenta a sua resistência às alterações climáticas”.

A iniciativa de Bona antecede a maior conferência da ONU sobre a terra e a seca, a COP16, que ocorrerá em Riade, na Arábia Saudita, em dezembro.
A UNCCD, o único tratado internacional juridicamente vinculativo sobre a gestão da terra e a seca, apresentou recentemente um relatório onde destacou que até 50% de todas as pastagens utilizadas para pastoreio ou caça estão degradadas. Esta degradação, que afeta 54% da terra global, coloca em risco um sexto do abastecimento alimentar da humanidade e um terço do reservatório de carbono da Terra.

O movimento internacional “Save Soil”, numa declaração à Lusa, sublinhou que esta degradação é impulsionada principalmente por mudanças no uso das terras, transformando pastagens em terras agrícolas. O movimento salienta a importância das pastagens no abastecimento alimentar e na regulação climática, muitas vezes pouco compreendidas e mal geridas devido à falta de sensibilização pública e de dados fiáveis.

Praveena Sridhar, executivo do movimento, destacou que práticas agrícolas regenerativas, que aumentam a matéria orgânica do solo, podem restaurar muitas paisagens, garantindo uma melhor produção agrícola sem necessidade de expansão das terras cultiváveis. O “Save Soil”, apoiado por várias estruturas das Nações Unidas e em colaboração com governos para estabelecer políticas de saúde do solo, defende soluções políticas urgentes e realça a importância da COP16 para uma ação política concertada.

“Apesar de contarem com cerca de 500.000 milhões de indivíduos em todo o mundo, as comunidades pastoris são frequentemente negligenciadas, marginalizadas e até vistas como outsiders nas suas próprias terras”, considerou Ibrahim Thiaw.
O relatório da UNCCD afirma que os sintomas dos problemas nos solos de pastagem incluem a diminuição da fertilidade e dos nutrientes do solo, erosão, salinização, alcalinização e compactação do solo, que inibem o crescimento das plantas, contribuindo para a seca, flutuações na precipitação e perda de biodiversidade, tanto acima como abaixo do solo.

As previsões são sombrias: o número e a duração das secas aumentaram 29% desde 2000, em comparação com as duas décadas anteriores. Mais de 2,3 mil milhões de pessoas já enfrentam stress hídrico, e segundo a UNICEF, até 2040, cada vez mais pessoas, incluindo uma em cada quatro crianças, viverão em zonas com extrema escassez de água.

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