Em França, foi dia de primeira volta das eleições legislativas antecipadas. O ato eleitoral foi convocado por Emmanuel Macron depois da vitória expressiva da extrema-direita nas eleições europeias. Mais de 49 milhões de eleitores foram chamados às urnas. As primeiras projeções de resultados, divulgados pela televisão francesa BFMTV, apontam para uma vitória da União Nacional, de Marine Le Pen e Jordan Bardella, com 34,06% dos votos. A coligação que reúne vários partidos de esquerda, a Nova Frente Popular, surge no segundo lugar, com 23,08%. Em terceiro está o partido do Presidente Emmanuel Macron, com 18,15%. A segunda volta das eleições decorre no próximo domingo, dia 7 de julho.
Segundo as estimativas dos canais de televisão franceses TF1 e France 2, as eleições legislativas na França apontam a ultra-direita Reunião Nacional (RN) na frente, com 34,06% dos votos à Assembleia Nacional (câmara baixa do Congresso francês). Logo atrás vem a coligação de partidos de esquerda Nova Frente Popular (NFP), com entre 23,08%. A coligação do presidente Emmanuel Macron, chamada Juntos, ficou em terceiro lugar, com entre 18,15%.
Se confirmados, os números sugerem um desempenho da RN em linha com o projetado pelas pesquisas, e indicam que a situação do presidente francês Emmanuel Macron, que ainda tem pouco menos de três anos pela frente no cargo, pode-se tornar mais difícil. A Assembleia Nacional, onde ele já não tinha maioria desde 2022, pode travar seu governo e, no limite, encurtar seu mandato.
No sistema semi-presidencialista da França, o presidente e os membros do governo são eleitos separadamente. Um presidente depende de um primeiro-ministro indicado pelo Parlamento para assegurar a governabilidade. Para obter a maioria absoluta e poder liderar um governo estável, um partido precisa de 289 das 577 cadeiras na Assembleia Nacional – antes da nova votação, Macron tinha apenas 250.
Mas a real composição da Assembleia Nacional só será conhecida após a segunda volta, marcado para o próximo domingo, dia 7 de julho. Pelas projeções das duas emissoras de TV, a RN teria entre 230 e 280 dos 577 assentos, seguido pela NFP com entre 125 e 200 das cadeiras, e, por fim, a coligação de Macron com entre 60 e 100 deputados.
Contudo, por causa do sistema fragmentado das eleições, o resultado final da formação da Assembleia costuma ser difícil de prever.
A julgar pelos dados preliminares, nenhuma coligação tem a maioria dos votos. Por isso, é de se esperar que muitos assentos ainda estejam indefinidos. O sistema eleitoral francês prevê duas voltas para definir os 577 assentos da Assembleia Nacional.
Macron pede união democrática e republicana
Mas, face às projecções da primeira volta das eleições legislativas francesas, o Presidente Emmanuel Macron desfez todas as dúvidas sobre a estratégia a adoptar nos próximos dias: “Perante o Rassemblement National (União Nacional, de extrema-direita), chegou o momento de uma união alargada, claramente democrática e republicana para a segunda volta”, do próximo domingo.
A imprensa francesa tem escrito que o chefe de Estado estava inclinado para a estratégia “nem-nem” (nem RN – União Nacional – nem LFI – França Insubmissa, maior partido da Nova Aliança Popular de esquerda, liderado pelo controverso Jean-Luc Mélenchon). Mas o Presidente francês quis deixar caro que os candidatos do seu movimento irão desistir nos círculos em que isso puder evitar a vitória dos candidatos da União Nacional.
Para Macron, a elevada taxa de participação (entre 67,5% e 69,7%) revela a vontade dos franceses de “clarificar a situação política”. “A sua escolha democrática obriga-nos” a contribuir para essa clarificação, afirmou, numa declaração enviada aos media franceses.
Le Pen fala em “virar de página”
Por seu turno, também numa primeira reação às projeções das eleições antecipadas em França, a fundadora do Rassemblement National, Marine Le Pen, considerou que o voto deste domingo resultou da vontade de “virar a página”, mas frisou que “nada está ganho”.
Marine Le Pen considerou que a segunda volta será determinante para evitar que o país caia nas mãos de uma extrema esquerda “com tendências violentas, anti-semíticas e anti-republicanas”.
“Precisamos de uma maioria absoluta para que Jordan Bardella seja nomeado primeiro-ministro por Emmanuel Macron em oito dias”, insistiu, sublinhando que nada está ganho e será fundamental evitar no próximo domingo que o poder caia nas mãos na coligação de esquerda.
Para Le Pen, a vitória da UN significa o desejo claro da maioria dos franceses em querer “de virar a página, após sete anos de um poder desdenhoso e corrosivo” do partido de Macron. “Para isso, apelo aos que votaram em nós para renovarem os seus votos e aos outros que se juntem a nós. Hoje é um dia de esperança, no dia 7 é preciso que todos se mobilizem”, apelou.
Nenhum francês “perderá quaisquer direitos”, garantiu, frisando que “novos direitos serão criados para benefício de todos”. Na mesma linha, o vencedor da primeira volta, Jordan Bardella, prometeu que caso seja eleito PM, será sempre o ”garante dos direitos e liberdades” dos franceses. “É altura de ter dirigentes que os compreendam. No próximo domingo, a vitória é possível e está ao nosso alcance”, antecipou, pedindo também uma maioria absoluta.
Mélénchon pede maioria absoluta
Já Jean-Luc Mélénchon, da Nova Frente Popular, pede aos franceses “uma “prova de sangue frio” e de “força de convicções” na segunda volta das eleições legislativas antecipadas.
O líder da coligação de extrema-esquerda anunciou ainda que irá retirar o seu candidato nos círculos em que este ficar em terceira posição, atrás do Reagrupamento Nacional e do Ensemble!
Na segunda volta que se realiza na próxima semana o país terá de escolher entre duas opções “inteiramente diferentes”, afirmou na reação às primeiras projeções. “Temos de dar uma maioria absoluta à Nova Frente Popular, é a única alternativa”, vincou Mélénchon.
Para o candidato, neste voto “é a França que está em causa, é a República que está em causa”.