Os países menos desenvolvidos, nomeadamente os africanos, têm pedido repetidamente que uma parte não inferior a 100 mil milhões de dólares seja canalizada para essas nações. Diretora-geral do FMI já deu essa garantia.
A diretora executiva do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, anunciou na passada quinta-feira, 22 de junho, que os países mais ricos já concordaram em redistribuir 100 mil milhões de dólares provenientes da emissão de Direitos Especiais de Saque (DES) para os mais pobres.
“O objetivo foi fixado em 100 mil milhões de dólares, e atingimos o objetivo, temos os 100 mil milhões”, cerca de 91 mil milhões de euros, afirmou a líder do FMI, citada pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), durante uma mesa-redonda com a participação, entre outros, do novo presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, durante a cimeira internacional para um novo pacto financeiro global, que decorre em Paris, promovido pelo Presidente de França, Emmanuel Macron.
Os DES são uma reserva de capital distribuída pelos membros do FMI consoantes as quotas, feito em 2021 no total de 650 mil milhões de dólares (592 mil milhões de euros) e cuja alocação beneficia os países mais desenvolvidos, que têm uma quota maior no FMI e que não necessitam tanto destas reservas de capital.
Os países menos desenvolvidos, nomeadamente os africanos, têm pedido repetidamente que uma parte não inferior a 100 mil milhões de dólares seja canalizada para esses países, a braços com uma crise da dívida e com os efeitos das alterações climáticas, que prejudicam o crescimento económico.
Antes da cimeira, a França e o Japão anunciaram que, em conjunto, canalizariam 30% dos seus DES para este efeito, contrariando a resistência de alguns países europeus a emprestar este dinheiro ao FMI, que por seu turno o utilizaria para distribuir aos países mais necessitados.
A reciclagem destes direitos de saque faz parte de uma série de compromissos dos países ricos para com os países pobres que tardam em ser postos em prática, como o anúncio da distribuição de 100 mil milhões de dólares por ano decidida numa COP em 2009 para combater os efeitos das alterações climáticas, mas que nunca foi concretizada.
“Cada vez que há uma reunião da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente (COP) fazemos os mesmos anúncios; em Copenhaga, foi anunciado que haveria 100 mil milhões de dólares por ano para os países pobres, mas nunca os vimos, não nos chegou”, disse o presidente da República do Congo, Denis Sassou-Nguesso, numa das reuniões que decorre em Paris, segundo a agência de informação financeira Bloomberg.
Na intervenção de abertura da cimeira sobre o novo pacto global de financiamento, o Presidente francês admitiu que o FMI e o Banco Mundial “não estão completamente adequados” aos atuais desafios mundiais, verbalizando a ideia que tem sido veiculada pelos países africanos sobre a necessidade de uma nova arquitetura financeira mundial.
Fonte: Lusa