Relatório do INSA Revela que Pessoas Idosas em Portugal Apresentam Menor Prevalência de Depressão
A maioria das pessoas idosas em Portugal não sofre de depressão, revelando uma prevalência de perturbações de humor e ansiedade significativamente mais baixa em comparação com as gerações mais novas. Esta conclusão é apresentada no relatório “Envelhecimento em Saúde: Caracterização da saúde da população idosa em Portugal”, hoje divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).
O estudo destaca que, embora o envelhecimento seja frequentemente associado a tristeza, solidão e sintomas depressivos devido às perdas e acontecimentos frequentes nesta fase da vida, a realidade é diferente para muitos idosos. “A maioria das pessoas mais velhas não está deprimida”, afirma o relatório, sublinhando que a depressão, apesar de menos comum nos idosos, continua a ser a desordem psiquiátrica mais prevalente neste grupo etário, com um impacto significativo na qualidade de vida e como preditor da mortalidade.
A importância da saúde mental na população idosa é ainda destacada pelo documento, que salienta a relevância da ansiedade e da depressão como questões de saúde pública. Estes transtornos podem manifestar-se de forma diferente nos idosos, o que exige uma abordagem específica na sua identificação e tratamento. A análise inclui dados de várias fontes nacionais e europeias, abrangendo inquéritos de saúde e estudos nacionais até dezembro de 2021.
Os dados de 2019 indicam que a frequência de sintomas depressivos e de depressão major é maior na população portuguesa com 65 anos ou mais, em comparação com a média da União Europeia. Em relação à demência, o relatório observa que esta condição tem uma taxa de mortalidade relativamente baixa entre os 65 e 74 anos, mas torna-se a sexta causa de morte a partir dos 85 anos. Contudo, falta um estudo epidemiológico em Portugal que retrate a real dimensão deste problema.
Uma revisão de estudos de prevalência na União Europeia, que não incluiu Portugal, estima que entre 5,9% e 9,4% da população com 65 anos ou mais sofre de demência. No entanto, o relatório ressalva que os idosos portugueses apresentam, em média, mais dificuldades nas atividades diárias do que a média europeia, o que afeta a sua participação e inclusão social.
As diferenças entre Portugal e a média europeia são atribuídas às condições de vida material, práticas de saúde e acesso a cuidados de saúde, entre outros fatores. Dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística indicam que, em 2021, os idosos representavam cerca de 23,4% da população residente em Portugal. Desde 2000, o número de idosos supera o de jovens (0-14 anos), sendo que em 2011 existiam 127 idosos por cada 100 jovens, valor que subiu para 167 em 2020.
O envelhecimento da população não é uniforme em todo o país. Em 2020, as regiões do Alentejo e do Centro eram as mais envelhecidas, enquanto Lisboa e Vale do Tejo, Açores e Madeira apresentavam os índices de envelhecimento mais baixos. Este fenómeno contribuiu para mudanças significativas no mercado de trabalho, com um aumento da população empregada entre 2010 e 2020.
O relatório também aponta que o aumento da esperança média de vida, a desertificação e a transformação do papel da família nas sociedades modernas são fatores que explicam as diferenças regionais. Lisboa (22%), Alentejo (22%) e Algarve (21%) são as regiões com maior percentagem de idosos a viver sozinhos, ao contrário do Norte e dos Açores, com 17% cada.
O estudo do INSA oferece uma visão detalhada e abrangente do estado de saúde da população idosa em Portugal, destacando tanto os desafios como os aspetos positivos do envelhecimento no país.