As juntas de freguesia de Peniche manifestaram-se veementemente contra a construção de uma central fotovoltaica no concelho, alegando impactos negativos significativos na paisagem e na ecologia local.
O projeto, licenciado pela Câmara Municipal de Peniche, prevê a instalação de uma central fotovoltaica em 13 hectares de terreno na freguesia de Atouguia da Baleia. As juntas de freguesia de Atouguia da Baleia, Ferrel e Peniche uniram-se numa posição conjunta, divulgada esta quarta-feira, para expressar a sua oposição ao projeto. Afirmam que a instalação de quase 18 mil módulos fotovoltaicos no istmo de Peniche irá prejudicar um local de especial sensibilidade paisagística e natural.
Em comunicado, as três juntas criticam a falta de uma “avaliação da afetação do património paisagístico”, sublinhando que a área em questão é uma porta de entrada para a cidade de Peniche e as praias de Supertubos e Baleal, que são referências turísticas nacionais e internacionais. Segundo as juntas, os visitantes que circulam entre a rotunda de Porto de Lobos e a de Supertubos, ou entre a rotunda de Nossa Senhora da Boa Viagem e o Baleal, irão confrontar-se com “um bloco negro cintilante”, desfigurando a paisagem natural.
As juntas alertam ainda para o impacto adicional que a construção prevista no Plano Diretor Municipal, entre Porto de Lobos e a estrada Peniche-Baleal, terá para quem circula na estrada. Afirmam que a construção da central pode inviabilizar a pretensão de construção desta estrada, essencial para a mobilidade local.
A posição conjunta das juntas de freguesia insiste que o projeto deve ser relocalizado, evitando assim a instalação numa área que é Reserva Ecológica Nacional. Enfatizam que a construção nesta área será uma “cicatriz negra” que manchará a beleza natural do concelho de Peniche.
Apesar das preocupações levantadas, os promotores do projeto, Hyperion Renewables, defendem a compatibilidade da central com os objetivos de proteção ecológica e ambiental, afirmando que os impactos negativos serão temporários e pouco significativos ao nível da geologia, solos, clima, qualidade do ar, sistema hidrogeológico e recursos hídricos, ecossistemas e resíduos. A Agência Portuguesa do Ambiente, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e a empresa Infraestruturas de Portugal emitiram pareceres favoráveis ao projeto.
A central fotovoltaica, que representa um investimento de 5,6 milhões de euros, tem como objetivo a instalação de oito Unidades de Pequena Produção com uma potência total de 8000 quilowatt. Prevê-se que a produção anual seja de 16 gigawatts/hora, suficiente para abastecer quase oito mil habitações, evitando a emissão de mais de nove mil toneladas de dióxido de carbono.
Apesar dos pareceres favoráveis e dos benefícios ambientais apresentados, a oposição das juntas de freguesia sublinha a necessidade de reconsiderar a localização do projeto para proteger o património paisagístico e ecológico do concelho de Peniche.