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Leopoldo Rodrigues: O Espelho de uma Governação Narcísica e Desconectada

No coração de Castelo Branco, uma cidade que poderia ser um modelo de desenvolvimento e progresso, assistimos a uma triste pantomima política protagonizada por Leopoldo Rodrigues, o atual Presidente da Câmara Municipal. Uma figura que mais parece encarnar o dilema de governar para o partido do que para os cidadãos que o elegeram. A sua gestão, em vez de ser um reflexo da confiança pública, revela-se um teatro de operações, onde a imagem brilha mais do que a substância e onde os problemas da cidade se tornam meros figurantes numa peça sem grande enredo.

Diariamente, o gabinete de comunicação de Rodrigues despeja uma enxurrada de notas de imprensa ao jornal ORegiões, como se estivesse a alimentar um monstro insaciável que nunca tem o suficiente. As palavras que brotam dessas publicações têm um tom de uma autossatisfação doentia. Não se trata de informar ou resolver, mas sim de construir uma narrativa de perfeição que, à vista de todos, soa mais a propaganda do que a um compromisso genuíno com os problemas locais. Se o Presidente se tivesse dedicado a resolver os buracos nas ruas com o mesmo fervor com que dissemina os seus feitos comunicacionais, talvez as infraestruturas da cidade não estivessem a cair aos pedaços.

Entretanto, a cidade afunda-se no esquecimento. Um dos momentos que exemplifica bem esta desconexão entre governante e governados é o evento de lançamento do livro “Segurança Interna”, de José Luís Carneiro. Aparentemente, o Presidente escolheu cuidadosamente com quem se associaria naquele momento: Ana Abrunhosa, Patrícia Gaspar e Valter Lemos estão entre as personalidades convidadas. Contudo, a ironia não passa despercebida: o convite foi feito a todos os meios de comunicação… exceto ao ORegiões, tendo este mesmo convite, chegado de forma particular. A dúvida persiste: teria o Presidente receio de que a presença de uma voz mais crítica perturbasse a harmoniosa narrativa que tenta construir?

A resposta parece evidente: Leopoldo Rodrigues não governa para os cidadãos de Castelo Branco. Ele governa para si próprio, com um claro objetivo de ascender dentro das estruturas do Partido Socialista. A cidade serve apenas como um trampolim, um palco para os seus próprios planos, que, ao que tudo indica, se estendem muito além da presidência de uma câmara municipal. Cada passo é calculado para maximizar a sua exposição, ao passo que os problemas da cidade – como as ruas esburacadas, as infraestruturas obsoletas e a falta de soluções reais – são apenas detalhes incómodos que se vão empurrando para o futuro.

Este tipo de gestão tem algo de quase farsesco. Em vez de ser focado em resultados tangíveis, como o pavimento das ruas ou a melhoria das condições de vida da população, o que vemos é uma constante exibição de boas relações e de participação em eventos de prestígio. Castelo Branco tornou-se, assim, um simples pano de fundo para a sua ascensão pessoal. A cidade pode esperar, pois o que verdadeiramente importa é garantir que, no palco da política nacional, a sua imagem permaneça inabalável.

E, para quem se pergunta se Leopoldo Rodrigues está apenas a preparar o terreno para as autárquicas de 2025, a resposta é clara. A cidade tornou-se uma espécie de laboratório de marketing político, onde a comunicação e a imagem se sobrepõem à ação concreta. Já em 2021, a sua campanha foi confiada a uma empresa de marketing, e tudo indica que o padrão se repetirá. O que importa, no fundo, não são as soluções, mas a maneira como ele se apresenta diante da plateia.

À medida que a cidade se afunda em incertezas e desafios diários, Leopoldo Rodrigues continua a gerir a sua imagem como se esta fosse o verdadeiro motor da mudança. Não se trata de uma liderança que se compromete com os problemas, mas sim de uma liderança que se serve deles para fortalecer a sua posição. A cidade, com as suas ruas degradadas e os seus cidadãos desiludidos, é meramente um detalhe num palco muito maior. E à medida que o espetáculo continua, o que parece cada vez mais evidente é que a verdadeira governança de Rodrigues não é apenas insegura, mas totalmente alheada das necessidades de quem realmente vive e trabalha em Castelo Branco.

No futuro, quando se escrever a crónica desta gestão, o título não poderia ser mais apropriado: “A Insustentável Leveza da Governança”. Porque, ao contrário do que se poderia esperar de um líder político, em vez de assumir os problemas da cidade, Leopoldo Rodrigues prefere navegar nas águas calmas da autopromoção e da propaganda. A cidade e os seus habitantes que o suportem… ou que esperem, como sempre, por um amanhã que nunca chega.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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