O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, declarou esta quinta-feira que a presidência húngara do Conselho da União Europeia (UE) “não tem mandato para se envolver com a Rússia em nome” dos 27 Estados-membros. “A presidência rotativa da UE não tem mandato para se envolver com a Rússia em nome da União Europeia”, afirmou Michel na rede social X (antigo Twitter).
Esta declaração surgiu após notícias de uma possível visita a Moscovo do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. Orbán deslocou-se há dois dias a Kiev, onde exortou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a considerar um cessar-fogo para acelerar negociações de paz com o Kremlin.
O primeiro-ministro polaco e ex-presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, também reagiu nas redes sociais, questionando Orbán: “Os rumores de que vai visitar Moscovo não podem ser verdadeiros, ou são?”
A Hungria iniciou a presidência rotativa do Conselho da UE no dia 1 de julho, que durará seis meses. Michel reforçou que “o Conselho Europeu é claro: a Rússia é o agressor, a Ucrânia a vítima”. Acrescentou que “não haverá discussões sobre a Ucrânia que não envolvam a Ucrânia”.
Fontes governamentais em Budapeste, contactadas pela Lusa, não confirmaram a visita de Orbán a Moscovo para um possível encontro com o Presidente russo, Vladimir Putin. Esta possível visita contraria a postura das instituições da União Europeia desde o início da invasão russa em 2022.
Viktor Orbán e o seu Governo de extrema-direita têm uma proximidade com a Rússia de Vladimir Putin. Nos últimos dois anos e meio, a Hungria bloqueou pacotes de apoio à Ucrânia, com Orbán a afirmar que a estratégia de ajuda “falhou” e rejeitando continuar a contribuir para os esforços conjuntos dos Estados-membros.
A Hungria é o único país entre os 27 Estados-membros a manifestar publicamente o desejo de deixar de contribuir com os esforços económicos, financeiros, militares e diplomáticos em apoio a Kiev.