Um Duelo de Egos que Atrapalha o Futuro
Portugal, esse país onde tudo é possível… menos a resolução dos problemas reais, assiste, pacatamente, a uma verdadeira tragicomédia política. Em palco, o espetáculo é encenado por duas figuras de peso, ou melhor, de ego. De um lado, temos o autoproclamado herói do centro direita, Luís Montenegro, que, no seu papel de “salvador da pátria”, parece mais interessado em manter a sua empresa familiar e alimentar o próprio narcisismo do que governar o país. Do outro, Pedro Nuno Santos, o líder socialista que parece viver num jogo de poder consigo mesmo, onde a monção de confiança ao partido do governo não é mais que uma monção de desconfiança do seu partido é uma mera formalidade e a sua principal ocupação é disputar com Montenegro quem tem o ego mais inflado
Num país que, supostamente, deveria ser governado por pessoas dedicadas a servir os seus cidadãos, o que se assiste, de facto, é uma guerra de vontades, onde o povo, como sempre, fica de fora, esperando que o espetáculo acabe. E quem paga a conta? A resposta é simples: os portugueses. O interior do país, por exemplo, sente na pele a falta de ação e de soluções. Os empresários, cada vez mais abandonados, olham para o futuro com uma combinação de desespero e ceticismo, enquanto o país se afunda em promessas vazias que nunca se concretizam.
As eleições autárquicas que se aproximam deveriam ser o momento de uma verdadeira renovação. Mas, no atual clima de instabilidade política, essas eleições transformam-se numa mera distração. Quem mora em cidades do interior, como Castelo Branco, sabe bem do que falo. As câmaras municipais, em vez de serem motoras de mudança e desenvolvimento, são deixadas à deriva pela inépcia de quem as lidera. E o que é que o governo faz? Nada. Ou pior, faz aquilo que sabe fazer melhor: nada. O que importa é o jogo de influências, o “quem tem mais amigos no círculo certo”, e não o bem-estar das pessoas. Uma cidade como Castelo Branco está, literalmente, à espera de uma revolução… mas não uma revolução de ideias, mas uma revolução de quem vai ficar no poder. O resto, como sempre, que se desenrasque.
E no meio dessa balbúrdia, o que se vê é a falta de ação e de visão. O Presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, continua a fazer do seu mandato um espetáculo de inércia, onde as promessas se acumulam sem que uma única seja cumprida. Se ele fosse um personagem de Shakespeare, diríamos que é uma tragédia de tão óbvio que é o seu fracasso. A cidade, que deveria ser um exemplo de renovação e progresso, continua a afundar-se no marasmo da falta de iniciativas e de coragem. O pior é que a oposição, ou está numa espécie de coma político, ou acredita que a estratégia de “não fazer nada até ao momento certo” é uma tática vencedora. O certo é que todos se acomodam à falta de responsabilidades, enquanto o povo continua a pagar o preço da falta de liderança.
Enquanto isso, o cenário nacional, essa sopa de letrinhas entre partidos que não sabem se querem ser oposição ou se querem ser governo, vai-se afundando numa teia de interesses pessoais. A política, que já foi uma arte de servir o povo, hoje não passa de uma máquina de manutenção de privilégios e negócios. Os egos estão em alta, e os cidadãos, esses seres invisíveis, ficam na fila à espera de um futuro que parece nunca chegar. A única coisa que cresce é a distância entre os governantes e o povo. E o pior? Ninguém parece querer mudar nada. A política transformou-se numa luta de vaidades e numa guerra por espaços quentinhos no poder.
O cenário internacional não está melhor. O “russo alaranjado”, o presidente dos Estados Unidos, Trump, continua a fazer das suas, criando mais caos e incertezas em todo o mundo. Se a política interna já parece um circo, a política global é uma espécie de tragédia épica, onde o próprio futuro do planeta está em jogo. Mas, como sempre, Portugal observa, imune a qualquer tipo de ação decisiva, como se estivesse a ver um filme repetido. O país vive num estado de letargia, onde as grandes decisões são adiadas e onde a única coisa que parece importar é manter a cadeira confortável aquecida.
Portugal, encontra-se numa encruzilhada perigosa. Entre dois egoístas que jogam com o futuro do país, a verdadeira vítima é o povo, que assiste impotente a um espetáculo político onde nada de relevante se faz. O que deveria ser uma luta pela melhoria da vida das pessoas transformou-se numa guerra de egos, onde o objetivo é manter os privilégios e as boas cadeiras. Com uma política que mais se parece com um teatro de vaidades, o país avança para um futuro incerto, onde o único consenso é o de que, no fim, todos os protagonistas vão sair do palco com as mãos cheias – mas não de soluções. De egos, sim, esses estão sempre a crescer.
E o povo? O povo continua à espera, à espera de um amanhã que parece nunca chegar, pois, entre os grandes egos da política, ninguém parece se importar com a vida real de quem vive e trabalha em Portugal. A balbúrdia dos poderosos só tem uma consequência: o caos e o lamaçal em que os políticos enfiaram o país e quem paga é sempre o cidadão comum.