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Portugal: A Arte de Prometer o Impossível e Cumprir o Mínimo

Portugal é um país peculiar, uma nação que, ao longo dos anos, se especializou em prometer o que não pode cumprir e a engolir promessas como se fossem almoços ligeiros. Aqui, a ambição de excelência é como o pão quente no inverno: muito falada, mas pouco vista. Os nossos governantes, armados em profetas do progresso, garantem um futuro glorioso, repleto de inovação, riqueza e qualidade. Mas, ao olhar com mais atenção, o que se vê é um país atolado em soluções mínimas, em resultados tão escassos quanto a água em tempos de seca, e em discursos tão vazios quanto um saco de plástico ao vento.

O país vive de uma eterna promessa de “choque tecnológico”, mas na realidade o que temos é um despertar suave. A inovação não passa de uma miragem que nunca chega. Em vez de formarmos uma força de trabalho qualificada e preparada para o futuro, continuamos a celebrar os nossos “mínimos”: o salário mínimo que mal cobre as necessidades básicas, o rendimento mínimo que serve para disfarçar as desigualdades sociais, e um sistema de pensões que mais parece um gesto de caridade do que um direito legítimo dos cidadãos. Tudo isto, claro, embalado com discursos que tentam pintar um quadro cor-de-rosa, mas que, na prática, são mais cinzentos do que o tempo típico de Lisboa em janeiro.

O envelhecimento da população, que é um dos maiores desafios do país, continua a ser tratado como uma pedra no sapato do desenvolvimento, mas não se preocupem! A solução está sempre ao virar da esquina. O tal “choque tecnológico” virá para resolver todos os nossos problemas. Claro, se ele finalmente chegar. E enquanto aguardamos por esse futuro brilhante, os mais jovens continuam a emigrar, em busca de um lugar onde as promessas não sejam apenas palavras em campanhas eleitorais. O mercado de trabalho cá dentro é uma selva saturada, onde as oportunidades são raras e as promessas, muitas vezes, não passam de enfeites.

Agora, vamos falar de Leopoldo Rodrigues, o autarca PS de Castelo Branco, um homem que, no auge da sua campanha, garantiu resolver todos os problemas da cidade, mas que, passados anos de mandato, parece ser incapaz de fazer algo mais do que empurrar os problemas para o dia seguinte. O que ele não conseguiu realizar com as mãos, tenta maquiar com uma fonte a jorrar água, luzes e sons, naquilo que deveria ser a sua “obra-prima”. Uma obra que, ao invés de dar glória à cidade, fará os moradores sofrerem com o “show” sonoro até altas horas da madrugada – e quem sai a ganhar com isso? Claro, o aumento das faturas da água e da eletricidade.

Mas, como sempre, as promessas não ficam por aí. Enquanto a cidade continua a desmoronar, tanto em termos de património histórico como em qualidade de vida, Leopoldo parece mais interessado em garantir lugares para os seus amigos do que em resolver o que realmente importa. A Zona Histórica, cheia de casas devolutas, é a paisagem idílica para os turistas, enquanto o centro da cidade continua a ser um palco para os pombos que, com a sua falta de educação, adornam os pratos dos restaurantes e as cabeças dos desprevenidos que se sentam nas esplanadas.

O comércio da Avenida 1 de Maio? Um sonho distante. A compra da Residencial Arraiana, que prometia revitalizar a zona, não passou de uma miragem. Empregos? Só se forem os que se veem, ou seja, nenhum. A segurança, prometida a partir das câmaras de vigilância, também nunca passou de uma promessa. Nada acontece, só se acumulam promessas e mais promessas, enquanto o elenco de Leopoldo Rodrigues continua a perpetuar-se no poder, sem qualquer vergonha de não cumprir com aquilo que o cargo exige: servir a população com seriedade.

E, como se não fosse suficiente, o Centro Contemporâneo de Cultura, em Castelo Branco, fechou já duas salas. Não porque a arte tenha deixado de ser importante, mas sim porque, como sempre, a gestão prefere culpar a chuva por problemas que têm raízes muito mais profundas. A solução, como sempre, foi fechar portas e interromper exposições. O “avanço para o futuro” passou a ser sinónimo de retrocesso, como se fechar fosse a única forma de dar um passo em frente.

Se Portugal realmente deseja ser um país de excelência, então precisamos de mais do que discursos vazios e promessas que se acumulam como papel em cima de uma mesa. Precisamos de uma revolução verdadeira – não uma revolução de propaganda, mas uma revolução de ideias, coragem política e inovação genuína. Precisamos de políticas públicas que, em vez de se limitarem a prometer o mínimo, busquem dar ao país o que ele realmente merece: qualidade de vida, salários dignos, pensões justas e um futuro próspero para todos.

Mas, por enquanto, Portugal continuará a ser o país das promessas vazias, onde o progresso é uma palavra bonita no papel, mas uma realidade distante. O único progresso que o país realmente precisa, é o de mudar a mentalidade de quem o dirige, para que olhe melhor para o interior. Porque, se há algo de que todos estamos fartos, é de soluções de mínimos e discursos de excelência que, no fundo, não significam nada.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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