A Rússia comemora esta terça-feira, o Dia da Vitória, que assinala a derrota do regime nazi na Segunda Guerra Mundial. A maioria dos países, incluindo a Ucrânia, que combateram contra a Alemanha na guerra entre 1939 e 1945, comemorou no domingo, dia 8. A Rússia aproveitará a comemoração para mostrar o seu poderio militar, em tempo de nova guerra contra a Ucrânia.
Mais de um ano depois do início do que o Kremlin chama de “operação militar especial” na Ucrânia, o Kremlin quer repetir uma demonstração de força, sobretudo nas vésperas de uma eventual contra-ofensiva ucraniana, anunciada para esta primavera.
As autoridades ocidentais estimam que na invasão russa da Ucrânia possam já ter morrido mais de 20.000 soldados comandados por Moscovo, mas o Kremlin não assume esta dimensão das perdas e prometeu fazer do Dia da Vitória uma manifestação “do invulnerável poderio militar” da Rússia.
Este ano há nervosismo entre as autoridades russas, após um ataque com ‘drones’ contra o Kremlin, que Moscovo considerou que se destinava a tentar assassinar o Presidente Vladimir Putin, imputando responsabilidade a Kiev e a Washington (que desmentem estar por detrás da iniciativa).
Mesmo assim, a segurança está no máximo e há inúmeras restrições para quem quer assistir ao evento na Praça Vermelha, em Moscovo, onde o Kremlin mostra à Ucrânia e ao Mundo, o seu poderio militar.
O voo de aviões não tripulados está proibido em Moscovo (como em São Petersburgo) e foram detetados mecanismos de interferência em sinais de GPS, como medidas de segurança, numa Praça Vermelha que vai estar sob rigorosa vigilância.
O Presidente russo, Vladimir Putin, tomou pessoalmente em mãos a organização das cerimónias, tendo reunido com o seu Conselho de Segurança, onde pontificam as mais altas patentes das agências de segurança e de informações.
Este ano, na parada militar – solenemente apelidada de “Marcha do Regimento Imortal” – apenas devem desfilar as tropas de reserva, já que uma parte relevante dos soldados efetivos estão envolvidos no conflito na Ucrânia.
Contudo, oficialmente, o Kremlin não assume esta decisão, dizendo apenas que a Marcha do Regimento Imortal “acontecerá num outro formato”, não especificando qual.
Em várias regiões ocupadas pelas forças russas, incluindo Kursk, Belgorod e a Crimeia, as paradas militares não se vão realizar.
A maioria das repúblicas que pertenceram à União Soviética, bem como vários países que estiveram sob a sua influência, ainda hoje celebram este dia, com diferentes designações e com diferentes modelos (alguns preservam o dia de feriado, outras apenas o recordam com pequenas festividades).
Este ano, tal como aconteceu em 2022, vários países estão a planear celebrações mais modestas e discretas, ou mesmo o seu cancelamento, como é o caso da Moldova.
A comunicação social russa anunciaram que as cerimónias têm um leque de convidados internacionais muito reduzido, tal como aconteceu no ano passado, com o Kremlin a voltar a justificar a decisão com o facto de não se tratar de uma “data redonda”. Confirmaram as presenças do Presidente do Quirguistão, Sadyr Japarov, e do Presidente do Tajiquistão, Emomali Rahomon, líderes de duas nações que têm reiterado o seu apoio incondicional à Rússia.
Em 1995, aquando da celebração dos 50 anos da vitória europeia da Segunda Guerra Mundial, muitos líderes mundiais convergiram em Moscovo, naquele que era o primeiro grande evento estatal após a queda do Muro de Berlim.
Em 2015, na comemoração dos 70 anos, estiveram presentes os presidentes de países como a Índia e a China, mas a maioria dos líderes ocidentais boicotaram a cerimónia, por causa da anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014.
Em 2020, as celebrações dos 75 anos do Dia da Vitória foram adiadas por causa da pandemia de covid-19.
Em 2021, Putin assinou uma lei que lhe permitirá continuar no cargo de Presidente da Rússia durante mais 13 anos, até 2036.
Se conseguir esse feito, nesse ano de 2036 Putin terá completado 36 no Kremlin, mais do que Estaline, que foi Presidente durante 29 anos.
Fonte: LUSA
Fotos: Agências