A União Europeia (UE) procura encontrar “um terreno comum” para evitar uma guerra comercial com a China no setor dos carros elétricos, ameaçando impor tarifas à importação de veículos chineses como resposta a alegadas subvenções estatais
Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo da Comissão Europeia responsável pelo Comércio, afirmou em entrevista à agência Lusa que a UE tem de agir perante os subsídios chineses que distorcem o comércio e ameaçam a indústria europeia. No entanto, garantiu que a ação será compatível com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), minimizando a probabilidade de conflitos comerciais.
Após ameaças recentes de imposição de tarifas sobre carros elétricos de fabricantes chinesas, como BYD, Geely e SAIC, Dombrovskis sublinhou a disponibilidade da UE para encontrar uma solução mútua com a China. Ressalvou que a imposição de tarifas não é a única solução possível, esperando alcançar um acordo que inclua a retirada das subvenções estatais chinesas ou a garantia de que estas não afetem as exportações para a UE.
A investigação da UE sobre as subvenções chinesas começou em outubro passado, focando-se nas ajudas estatais a fabricantes de automóveis elétricos que têm conquistado rapidamente o mercado europeu, vendendo os seus produtos a preços significativamente mais baixos do que os concorrentes europeus.
Na semana passada, a Comissão Europeia ameaçou aumentar as tarifas de importação de veículos elétricos chineses a partir de julho, após concluir provisoriamente a existência de práticas desleais por parte de Pequim. O comunicado indicou possíveis taxas de 17,4% para veículos da BYD, 20% para os da Geely e 38,1% para os da SAIC.
Outros fabricantes chineses que cooperaram com a investigação mas não foram incluídos na amostra poderão ser taxados em 21%, enquanto aqueles que não colaboraram poderão enfrentar tarifas de 38,1%. A decisão final sobre a aplicação destas tarifas será comunicada em 4 de julho, com a possibilidade de direitos de compensação provisórios serem aplicados pelas alfândegas dos Estados-membros, tornando-se definitivos a partir de 2 de novembro.
A Comissão Europeia expressou confiança de que o mercado europeu seja “suficientemente competitivo” para evitar que estas tarifas resultem em aumentos de preços para os consumidores. Atualmente, os veículos chineses representam 8% do mercado comunitário, mas essa participação pode aumentar para 15% até 2025 se as tendências atuais continuarem. Além disso, os veículos chineses são, em média, 20% mais baratos que os europeus.
Em maio, os Estados Unidos anunciaram novas tarifas de 18 mil milhões de dólares sobre produtos chineses, com os veículos elétricos a serem fortemente atingidos, enfrentando aumentos de taxas de 25% para 100%.