Na pitoresca aldeia de Vilar do Boi, banhada por ribeiras provindas do rio Tejo, as tradições centenárias ganham vida todos os anos com a realização da “Rota dos Fornos Comunitários, Dia do Pão dos Doces e dos Bolos”. O evento, que ocorreu ontem, dia 20 de Abril, celebrou sua décima edição com uma jornada emocionante que mergulhou os visitantes no rico património cultural da região
Desde tempos imemoriais, os fornos comunitários têm sido o coração da vida social e culinária de Vilar do Boi. Construídos e mantidos pela comunidade, esses fornos eram locais de encontro onde os habitantes partilhavam histórias, sabores e momentos de convívio enquanto preparavam os seus alimentos.
Entrevista ao Eng.º Victor Carmona, Presidente da Assembleia da Associação Recreativa e Cultural de Vilar do Boi:
“A Rota dos Fornos Comunitários não é apenas uma celebração, é uma oportunidade de partilhar com as gerações presentes e futuras as tradições que moldaram a nossa aldeia”, explica o Eng.º Vítor Carmona, ex-autarca de Vila Velha de Ródão e atual presidente da Assembleia da Associação Recreativa e Cultural de Vilar do Boi. “É uma homenagem à nossa história e à nossa identidade.”
O evento deste ano começou com uma visita guiada aos três fornos comunitários, onde os visitantes puderam testemunhar em primeira mão a arte antiga da panificação, onde a «farinha moída provinha de Moinhos distribuídos em algumas ribeiras». Em seguida, ao meio-dia e meio, foi servido um almoço com os pratos tradicionais da aldeia, como a famoso Ensopado de Borrego e a deliciosa tigelada, cozinhados nos próprios fornos, com «lenha da esteva, que lhe confere uma temperatura ideal», refere Carmona, o que lhes confere um sabor incomparável.
Durante a tarde, a animação foi garantida com música, dança e a venda de bolos e iguarias cozinhados pelos habitantes locais. A atmosfera festiva e acolhedora atraiu visitantes de toda a região, que se deliciaram com os sabores autênticos e o calor humano que permeia cada recanto de Vilar do Boi.
“Ao longo dos anos, os fornos comunitários foram mais do que simples locais de cozedura; eram espaços de partilha, solidariedade e cooperação”, acrescenta Carmona. “É importante preservar essas tradições, não apenas como um testemunho do nosso passado, mas como um legado para o futuro.”
Com apenas cerca de 40 habitantes, Vilar do Boi é uma joia escondida que vale a pena explorar. Além da Rota dos Fornos Comunitários, a aldeia orgulha-se de uma série de eventos tradicionais ao longo do ano, que oferecem aos visitantes uma experiência autêntica da vida no campo português.
A celebração anual em Vilar do Boi não é apenas um evento; é um lembrete vívido da importância de preservar as tradições locais e da riqueza que pode ser encontrada nas comunidades mais pequenas.
