Se há algo que distingue o teatro político em Portugal, é a impressionante capacidade de transformar um milhão de euros em pura abstração. Esta quinta-feira, em Castelo Branco, foi mais uma peça deste eterno espetáculo: o Primeiro-Ministro Luís Montenegro e o Presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), António Fernandes, ergueram um palco de discursos, fitas cortadas e promessas renovadas. Ao fundo, o Presidente da Câmara, Leopoldo Rodrigues, ensaiava mais um dos seus anúncios, qual vendedor de sonhos com validade limitada.
A agenda era previsível. Requalificação da Escola Agrária e da Escola Superior de Educação; modernização do auditório, do laboratório de Sistemas de Informação Geográfica e do refeitório, tudo isto gasto ao céntimo no montante de um Milhão de euros. Tudo muito bonito, claro. António Fernandes, com mais 14,5 milhões em obras anunciadas, segue a linha de ação que o caracteriza: promete e faz. Mas o contraste com Leopoldo Rodrigues, cuja gestão é um poço sem fundo de anúncios sem materialização, tornou-se inevitável.
O Círculo Vicioso da Propaganda
A comédia trágica do poder local e nacional continua: inaugurações de espaços renovados que servem mais como propaganda do que como realidade transformadora. Leopoldo Rodrigues, figura central do misto de frustração e apatia que domina a cidade, aparece como o maestro de um coro de promessas vazias. A maior fonte do país? Planeada para assentar sobre uma laje de betão cheia de infiltrações no parque subterrâneo da Devesa. Alguma surpresa? Não. Apenas mais um capítulo de anúncios que nunca chegam a ver a luz do dia.
Enquanto António Fernandes corta fitas de obras concluídas com a presença do Primeiro ministro de Portugal, Leopoldo Rodrigues corta mais uma fatia da paciência da população. A diferença entre os dois não poderia ser mais clara: um cria realidades, o outro acumula palavras bonitas e expectativas frustradas.
E que dizer do Presidente da Câmara? Leopoldo Rodrigues continua a demonstrar que a sua especialidade não é a construção, mas a ficção. Num mandato que parece mais dedicado a encenar promessas do que a concretizá-las, o Presidente da Câmara tem apenas uma certeza: quando tudo falha, anuncia-se mais alguma coisa.
Um Milhão de Euros no Papel, e Só no Papel
O mais irónico? O milhão de euros que “revolucionou” as instalações do IPCB é, na verdade, uma fração de um orçamento que podia desaparecer sem deixar rasto nas promessas do município, mas não, quem investiu foi o IPCB com canditaduras próprias. O problema não está no valor investido, mas no simbolismo que ele carrega: uma repetição entediante do ciclo de anúncios com pouca ou nenhuma consequência palpável. Para a população, estas inaugurações anunciadas por Rodrigues já não são motivo de celebração, mas sim de desconfiança.
O Monumento Invisível
A gestão de Leopoldo Rodrigues deveria erguer um monumento. Não uma fonte no meio da cidade nem uma requalificação que nunca acontece, mas algo que simbolize o espírito da sua liderança: um monumento invisível, construído sobre uma base de promessas ocas e sustentado pelo ar. Um tributo ao seu verdadeiro legado: um ciclo infinito de expectativas por concretizar.
A Novela do Nada
Enquanto António Fernandes prova que é possível fazer mais com menos – laboratórios, auditórios e refeitórios prontos para uso –, Leopoldo Rodrigues insiste em protagonizar uma novela sem fim. A diferença entre ambos não é apenas de orçamento ou estratégia; é de credibilidade. Fernandes apresenta resultados concretos; Rodrigues, episódios repetidos de uma trama previsível.
O que resta ao povo de Castelo Branco? A amarga certeza de que, quando se fala em “requalificação”, muitas vezes se está a requalificar apenas o discurso, não a realidade. Enquanto António Fernandes constrói espaços que podem, de facto, ser usados, Leopoldo Rodrigues constrói castelos no ar, ou melhor, fontes que ninguém verá. E assim, seguimos.