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O Regresso do Mexilhão: Fernando Raposo e a Sátira da Fragmentação do PS em Castelo Branco

Se as águas do Partido Socialista de Castelo Branco são turvas, o ” mexilhão ” Fernando Raposo decidiu emergir, como quem se espreguiça após um longo sono nas profundezas da política local, para remexer o que, segundo ele, são as lamaçais do partido. Com a costumeira ousadia, resolveu iniciar a sua campanha para as eleições autárquicas de 2025 não com um discurso de unidade, mas com uma carta aberta publicada no Facebook, um convite claro para o caos interno que se aproxima. E se há algo que Fernando Raposo parece entender com perfeição, é a arte de semear a discórdia com um toque de crítica e sátira.

Na sua carta, dirigida ao Secretário-Geral do PS, Pedro Nuno Santos, Raposo não se limita a dar a sua opinião sobre o futuro político do PS em Castelo Branco. Não, ele eleva o tom, utilizando a figura das “primárias” como uma espécie de panaceia para resolver os problemas do partido, uma solução que ele imagina como a chave para abrir portas e corações, libertando o PS local das garras do clientelismo e das divisões internas. O seu diagnóstico é claro: o PS local está em frangalhos, incapaz de se renovar, de acolher os melhores quadros, e ainda mais incapaz de evitar a emergência de candidaturas independentes. Ou seja, a política local do PS parece ser uma casa com muitas portas fechadas e nenhuma chave à vista.

E é aqui que entra a sua crítica ao atual Presidente da Câmara Municipal, Leopoldo Rodrigues. Para Raposo, o maior pecado de Rodrigues não está na sua falta de capacidade política, mas na incapacidade do PS em aproveitar o “rico” potencial de quadros qualificados que existem no partido. Ora, se a principal câmara do distrito está reduzida a um vereador em permanência – o próprio presidente –, isto não é só uma crítica política, é um comentário irónico sobre o estado deplorável em que se encontra a gestão política em Castelo Branco. Seria o equivalente a uma cidade com uma única luz acesa, mas ninguém por perto para cuidar dela.

Fernando Raposo, que se habituou a ser conhecido como o “velho do restelo” do PS local – aquele que nunca perde uma oportunidade para criticar e questionar tudo o que o rodeia – já se mostrou, no passado, disposto a se afastar de todos os lados. Quando foi vereador da cultura, teve uma saída pouco amistosa do cargo, e foi a mesma história quando se envolveu com Leopoldo Rodrigues. O que fica claro, porém, é que Raposo não é alguém que teme fazer barulho, mesmo que seja para agitar águas turvas. Parece que o PS local não é suficientemente bom para ele, nem os líderes atuais, nem as promessas que fazem.

A sua carta é, então, uma sátira cruel ao funcionamento de um partido que, para Raposo, está cada vez mais fragmentado, desorganizado e distante das necessidades da população. Para ele, a ideia de primárias surge como uma tentativa de restaurar alguma ordem no caos. A crítica à gestão de Leopoldo Rodrigues e ao “desperdício” de quadros qualificados é uma marca de quem se sente cada vez mais afastado das decisões tomadas pela liderança atual do PS local. Se o partido não for capaz de se reorganizar, de dar voz às comunidades e aos militantes, ele sugere que o PS de Castelo Branco caminha a passos largos para uma divisão irreparável. E quem garante que, na próxima eleição, o PS ainda terá forças para concorrer de forma eficaz? Será o PS de Raposo o partido da nova geração ou o relento onde velhas críticas ainda têm muito a dizer?

A verdade é que, na visão de Raposo, o PS local está cada vez mais parecido com um barco a navegar sem rumo, onde os remos parecem estar nas mãos erradas e o leme não faz mais do que girar ao sabor do vento. E, no meio disso tudo, o ” mexilhão ” Fernando Raposo continua a dar voltas, remexendo as águas turvas da política local, enquanto tenta emergir como o porta-voz da renovação. A questão que se coloca é: quem está realmente disposto a ouvir as suas palavras?

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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