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A Democracia em Risco: Jornalistas no Alvo e a Precariedade da Comunicação Social

O jornalismo é, indiscutivelmente, um dos pilares fundamentais de qualquer democracia. Sem uma imprensa livre, crítica e independente, o tecido democrático fragiliza-se e corre o risco de ruir. No dia em que o telejornal da RTP comemora 65 anos, é urgente refletir sobre o estado atual da comunicação social em Portugal, os desafios que os jornalistas enfrentam e o impacto disso na própria qualidade da nossa democracia.

Primeiro, é necessário sublinhar a importância de um jornalismo livre e independente. Desde os primórdios da comunicação social, os jornalistas têm desempenhado um papel insubstituível na informação pública, aproximando os cidadãos do que acontece no país, no mundo ou numa pequena localidade. São os olhos e ouvidos da sociedade, os que se arriscam para expor a verdade, desafiando interesses instalados, e que, através de reportagens rigorosas e de uma constante vigilância crítica, dão às pessoas o poder de tomar decisões informadas. Sem jornalistas comprometidos com a verdade, o espaço para a desinformação e manipulação aumenta exponencialmente, com consequências devastadoras para a sociedade.

No entanto, para que este jornalismo independente floresça, é imperativo garantir condições dignas de trabalho para os profissionais da comunicação. A precariedade que assola o sector, onde muitos jornalistas lutam para sobreviver com salários baixos, contratos temporários e falta de apoios financeiros, torna a profissão não só menos atrativa, mas também menos sustentável. Sem os meios adequados, o jornalismo torna-se vulnerável à pressão de interesses económicos e políticos, o que compromete a sua independência. Apoiar a comunicação social é, por isso, mais do que uma questão económica — é uma salvaguarda da própria democracia. O Estado e a sociedade civil têm de assumir este desafio com seriedade, promovendo políticas que protejam o jornalismo de qualidade e que ofereçam condições justas para os seus profissionais.

Mas a precariedade não é o único desafio. Nos últimos anos, assistimos a uma preocupante escalada de ataques, ameaças e intimidações contra jornalistas, em Portugal e no estrangeiro. Este fenómeno, que se manifesta tanto fisicamente como através do ambiente digital, tem vindo a minar gravemente o exercício da profissão. A crescente polarização política e a proliferação de discursos de ódio fomentam um clima de desconfiança e agressividade para com a imprensa, fazendo com que ser jornalista se torne uma profissão perigosa. Estes profissionais, que deveriam ser respeitados e protegidos pelo seu papel na sociedade, acabam por ser perseguidos por aqueles que se sentem ameaçados pela verdade que trazem à luz.

Neste contexto, é essencial que haja uma resposta clara e firme por parte das autoridades. As ameaças e ataques contra jornalistas devem ser investigados e condenados com rigor. Não podemos permitir que o medo silencie aqueles que são fundamentais para o funcionamento da nossa democracia. Se os jornalistas deixarem de exercer a sua profissão com liberdade e segurança, estaremos a abdicar do nosso direito à informação livre e imparcial, e, consequentemente, a enfraquecer as bases da nossa democracia.

A liberdade de imprensa é, afinal, um dos alicerces das sociedades democráticas. Quando os jornalistas são atacados ou ameaçados, quando são forçados a trabalhar em condições indignas ou quando se veem limitados nos seus recursos, a democracia perde força. Numa era em que a desinformação prolifera a uma velocidade alarmante e onde a verdade se dilui em meio a tantas falsidades, a proteção do jornalismo de qualidade nunca foi tão urgente.

Olhando para os 65 anos de telejornal da RTP, temos que nos questionar: que futuro queremos para o jornalismo em Portugal? A resposta deve ser clara. Queremos um jornalismo livre, protegido, valorizado e sustentável. Queremos que os jornalistas possam exercer a sua função sem medo de represálias, sem a sombra da precariedade, e com os meios necessários para fazer o seu trabalho de forma rigorosa e ética. Porque, no fim de contas, apoiar o jornalismo é apoiar a própria democracia. E essa é uma responsabilidade de todos nós.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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