Em mais um Natal, a situação dos sem-abrigo em Portugal revela-se como uma das maiores falhas de uma sociedade que, apesar dos discursos políticos e das campanhas eleitorais, continua a arrastar para as margens da cidade cada vez mais pessoas em situações de exclusão social. Este problema não é recente, mas em 2024, vemos o agravamento de uma crise que se perpetua sem solução. Enquanto os partidos políticos, com os olhos fixos nas eleições autarquicas e presidênciais, prometem medidas paliativas, o número de pessoas sem-abrigo aumenta. E, embora o país viva num Estado de direito, a verdade é que os responsáveis políticos são os principais culpados por uma situação que parece não ter fim
O aumento da pobreza, aliado ao aumento das rendas, aos salários baixos e ao constante crescimento do custo de vida, empurra mais cidadãos para a marginalidade. O que antes era um problema visível em certas zonas das grandes cidades, hoje está a ganhar proporções alarmantes, tornando-se uma realidade invisível para muitos, mas evidente para os que se dispõem a olhar com seriedade para o que realmente está a acontecer.
Apesar das promessas de resolução, o que mudou para os sem-abrigo em 2024? A resposta é simples: pouco ou quase nada. As políticas públicas continuam a ser insuficientes e limitadas, e as medidas adotadas são apenas paliativas que não resolvem o problema de forma duradoura. O aumento do número de pessoas em situação de sem-abrigo é uma clara evidência de que as respostas institucionais e sociais continuam a ser aquém da necessidade real. As condições de vida das pessoas sem-abrigo mantêm-se precárias, e a falta de uma rede de apoio sólida e integrada agrava ainda mais a situação. O Estado falha em proporcionar uma proteção efetiva, sem que existam alternativas reais para reintegrar estas pessoas na sociedade.
A ausência de soluções estruturais leva a que, mesmo em 2024, as respostas ao problema continuem a ser temporárias e ineficazes. O que realmente falta não é apenas abrigo, mas um compromisso genuíno para mudar a vida daqueles que, devido à pobreza extrema, à falta de apoio familiar, à saúde mental debilitada ou ao desemprego, são empurrados para a rua. Tratar o problema como uma simples questão de falta de habitação é uma abordagem redutora e insustentável.
O que é realmente necessário é uma mudança na abordagem do problema. Não podemos mais aceitar que este seja um tema de campanhas eleitorais ou de ações de caridade sazonal. O que é exigido é um compromisso permanente e uma estratégia estrutural eficaz que envolva o governo e as organizações da sociedade civil. É urgente a criação de soluções duradouras, como alojamentos permanentes, serviços de saúde acessíveis e programas de reintegração que permitam uma verdadeira recuperação. As pessoas em situação de sem-abrigo não podem ser vistas como números ou estatísticas; elas são cidadãos que merecem uma vida digna e a oportunidade de recomeçar.
Em 2024, a situação não melhorou, e a realidade para os sem-abrigo continua a ser alarmante. A exclusão social e a pobreza são as causas fundamentais deste flagelo, e enquanto os governantes e os partidos se limitam a prometer soluções rápidas e superficiais, a sociedade portuguesa precisa de despertar para a urgência deste problema. Apenas com uma mudança profunda nas políticas públicas e com um esforço conjunto entre o Estado e a sociedade civil será possível, de facto, erradicar esta chaga que envergonha a nossa nação. É hora de agir, é hora de deixar de olhar para o lado e exigir uma solução definitiva. Porque ninguém deve ser deixado para trás.