A cidade de Castelo Branco parece ter se transformado, nos últimos tempos, num espaço abandonado, onde a negligência e o desleixo tomam conta de alguns dos locais mais centrais e movimentados. O testemunho que nos chega por parte de um cidadão local, revelando o estado deplorável de um espaço situado junto ao Hospital, é mais uma prova de que, por vezes, o silêncio das autoridades municipais é mais ensurdecedor que o próprio barulho da cidade
A denúncia vem acompanhada de fotografias que comprovam o cenário de degradação. Árvores de grande porte, sem qualquer manutenção ou poda há anos, transformaram-se em verdadeiro abrigo de pássaros que, por sua vez, geram um incómodo inaceitável: fezes por toda a parte. O cheiro insuportável e a sujidade acumulada são apenas o início do problema. A falta de cuidados nesta área não é só uma questão de estética, é uma grave ameaça à saúde pública. Estamos perante uma situação que poderia facilmente ser evitada, mas que parece ter sido ignorada pelas entidades competentes.
Mas o pesadelo não para por aqui. As árvores descontroladas não só escurecem a zona, como também colocam em risco a segurança de pedestres e condutores. Como é possível que, numa cidade onde a segurança deveria ser uma prioridade, as ruas fiquem à mercê de árvores que cobrem os candeeiros, transformando a via pública numa verdadeira armadilha à noite? Mas, como se não bastasse, o estacionamento nas imediações também se torna uma dor de cabeça para os moradores, já que o risco de ter os carros cobertos por fezes de pássaros é constante.
E as imagens falam por si: o Hospital, o Centro de Saúde, a Escola Primária e a Fisioalbi – locais de grande afluência de pessoas de todas as idades – estão à mercê de um estado de abandono tão evidente que o espaço se torna, à vista de qualquer visitante, um cartão-de-visita da cidade em ruínas.
Entretanto, a recente substituição de um choupo por uma árvore de grande porte (Celtis australis) apenas agravou o quadro. A escolha da árvore revela um completo desleixo na gestão dos espaços verdes da cidade. Plantada num canteiro diminuto, junto a habitações, esta árvore não só irá escurecer a zona como também pode provocar danos à estrutura das construções, com os seus ramos inclinados para as habitações. Uma falha de planeamento evidente, que não leva em consideração o bem-estar dos cidadãos e a harmonia com o ambiente urbano.
Além disso, os canteiros que outrora eram floridos e davam vida à cidade estão agora desmoronados, apenas com arbustos secos. A falta de flores, que tornavam o local mais agradável e acolhedor, é mais uma demonstração da falta de interesse pela estética e qualidade de vida dos cidadãos.
Diante de tudo isto, o que mais se pede? Respostas. Ou melhor, ações concretas. A simples promessa de que o problema será resolvido já parece um eco distante, porque quem é chamado a agir – o Presidente da Junta de Freguesia, o Presidente da Câmara Municipal – permanece em silêncio. O que se exige é uma intervenção urgente, que traga soluções reais: poda das árvores, escolha adequada das espécies para plantação, renovação dos canteiros com flores, limpeza do local e, acima de tudo, respeito pelos cidadãos que, diariamente, enfrentam este cenário deplorável.
Mas o que parece acontecer é que, tal como o cidadão que nos enviou a denúncia, muitos em Castelo Branco continuam a enviar e-mails sem resposta. A administração parece distante e alheia às necessidades da população. O jornal ORegiões, uma vez mais, assume o papel de voz do cidadão não ouvido, na esperança de que alguém, finalmente, tome as rédeas da situação e devolva à cidade a dignidade e a qualidade de vida que os seus moradores merecem.
