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Castelo Branco em Chamas: A Retirada do Meio Aéreo que Abandona o Interior e Coloca o País em Risco

O Governo Central Desprotege o Interior – Um Caso de Irresponsabilidade e Desconsideração com o Futuro do País

O governo central da AD, com a sua recente decisão de retirar o meio aéreo de combate a incêndios do Aeródromo Municipal de Castelo Branco, tomou mais uma medida que poderá ser considerada uma verdadeira sentença de morte para a segurança e bem-estar do interior de Portugal. Uma região já marcada pela negligência histórica e que, com esta ação, verá os seus esforços para garantir a proteção das suas populações e do seu vasto território florestal reduzidos a cinzas.

Castelo Branco, um dos maiores concelhos do país em termos de área, viu-se despojada de um recurso estratégico vital para a proteção civil. O helicóptero de combate a incêndios, que estava permanentemente no aeródromo, foi retirado sem que houvesse qualquer justificação plausível para tal decisão. A autarquia não tardou em reagir, exigindo a reversão da medida e alertando para as graves consequências da perda de um meio aéreo que é, por si só, um dos pilares da segurança contra os incêndios rurais. Não se trata apenas de um meio de combate, mas de um símbolo da luta de uma região esquecida para garantir que os seus cidadãos não se sintam abandonados pelo poder central.

A decisão do governo é ainda mais absurda quando se analisa a localização estratégica do aeródromo de Castelo Branco. Com a maior mancha florestal do país a escassos quilómetros e o concelho a figurar entre os mais vulneráveis, a retirada deste meio aéreo significa uma redução significativa na capacidade de resposta do país perante um cenário de catástrofe. A Câmara Municipal sublinha com razão que a transformação do Aeródromo Municipal de um Centro de Meios Aéreos Permanente para um Sazonal é não só inaceitável, mas um retrocesso dramático no combate aos incêndios florestais.

A razão pela qual esta medida é uma afronta à lógica e à segurança das populações fica ainda mais evidente quando se observa o histórico de incêndios no concelho. Em 2023, a região registou nove ocorrências durante o período de 1 de novembro a 14 de maio, o que demonstra a necessidade de um dispositivo de combate contínuo e eficaz. A retirada do helicóptero comprometerá a rapidez de resposta, deixando o interior a mercê das chamas e da ineficácia de um sistema que já falhou em várias ocasiões.

O Aeródromo Municipal de Castelo Branco não é apenas uma infraestrutura de apoio local. Este aeródromo foi, em 2023, designado como Centro de Meios Aéreos Ibérico do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, o que reforça a sua importância não só no contexto nacional, mas também no internacional. Afinal, se há algo que deveria unir o país, independentemente das cores políticas, é a proteção das nossas populações e do território. Contudo, o governo parece mais preocupado em cortar custos e transferir responsabilidades para as autarquias, deixando-as à mercê do improvável apoio externo.

A reação da Câmara Municipal, que aprovou por unanimidade uma moção exigindo a reversão desta decisão, é mais do que justa. Não apenas pela perda de um recurso valioso para o combate a incêndios, mas também pela demonstração de desconsideração e desprezo por parte do governo central, que parece ignorar a importância da infraestrutura e os investimentos feitos para a sua manutenção. O concelho de Castelo Branco investiu, nos últimos cinco anos, 350 mil euros nesta infraestrutura, e a retirada de um meio aéreo permanente coloca em causa todos esses esforços e recursos investidos em prol da segurança.

A questão agora é simples: o governo central terá a coragem e a responsabilidade de reverter esta decisão? Terá a sensatez de compreender que o interior não pode continuar a ser tratado como uma terra de segunda? O que está em jogo não são apenas números, mas vidas humanas, a preservação de patrimónios naturais e a dignidade de uma região que, por mais que se queira ignorar, também é parte do nosso país. Deixar Castelo Branco desprovido deste meio aéreo é, sem dúvida, mais uma forma de abandono e enfraquecimento do interior, que, aos poucos, vai ficando cada vez mais isolado e vulnerável.

O que está em causa é a coesão nacional e o futuro das nossas regiões. O governo tem de perceber que o interior não pode andar para trás. O interior precisa de mais meios, mais investimentos, mais cuidados, e não de decisões que só contribuem para o seu enfraquecimento. O que se exige, agora, é uma rápida reversão desta medida e uma verdadeira reflexão sobre a forma como o país deve tratar o seu território, sem que este se torne uma simples estatística de negligência e esquecimento. O futuro de Castelo Branco, e do interior de Portugal, depende das decisões que tomarmos hoje.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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