Namasté, Chegámos à sétima crónica da nossa viagem simbólica através dos “Ensinamentos Secretos e Eternos”, inspirados na grandiosa obra de Manly P. Hall. Depois de termos elevado o olhar ao Zodíaco — o mapa da alma nos céus — hoje mergulhamos na matemática sagrada da existência, guiados por uma das figuras mais misteriosas e influentes da Antiguidade: Pitágoras
Mais do que um matemático, ele foi um iniciado. Mais do que um pensador, um revelador da música das esferas, da estrutura espiritual por trás da matéria.
O Homem Por Trás do Mito
“A harmonia é a base do universo. Conhece os números e conhecerás os deuses.” — Pitágoras
Pitágoras nasceu na ilha de Samos, por volta de 570 a.C., mas pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. O que sabemos vem de fontes posteriores, misturadas com simbolismo e lenda — como é frequente entre os grandes mestres iniciáticos.
Segundo relatos, viajou extensivamente: estudou com os sacerdotes do Egito, foi iniciado nos Mistérios da Babilónia, aprendeu com os caldeus e até com os brâmanes da Índia. Terá passado cerca de 22 anos no Egito e, segundo algumas fontes esotéricas, mais de uma década no Oriente.
Quando regressou ao mundo helénico, fundou a sua escola em Crotona, no sul da Itália — uma comunidade filosófica, mística e científica conhecida como A Irmandade Pitagórica.

Esta escola paral além de ser um centro de estudos — era um círculo de iniciação. Os discípulos seguiam um estilo de vida rigoroso, com votos de silêncio, práticas espirituais diárias, dieta vegetariana e estudo intenso da geometria, música, ética e cosmologia.
Muitos viam Pitágoras como mais que um homem — como um ser quase divino, um “filho de Apolo”, enviado para restaurar a harmonia entre o Céu e a Terra. Há até escritos que comparam circunstâncias da vida de Pitágoras com a de Jesus.
Em Anacalypsis, Godfrey Higgins escreve: «A primeira circunstância notável em que a história de Pitágoras coincide com a de Jesus é que eram praticamente nativos do mesmo país, tendo o primeiro nascido em Sídon e o ultimo em Belém, ambos na Síria. O Pai de Pitágoras, tal como o de Jesus, foi profeticamente informado de que a esposa daria à luz um filho, que seria um benfeitor da humanidade. Ambos nasceram quando as mães estavam fora de casa, em viagem, tendo José e a esposa ido a Belém para serem tributados e o Pai de Pitágoras viajado de Samos, sua residência, para Sídon devido a assuntos mercantis.»
O Número como Princípio Divino
Na escola pitagórica, os números não eram meros instrumentos de contagem, mas entidades vivas, símbolos do próprio Logos — a inteligência cósmica que ordena o caos. Para Pitágoras, o universo era uma sinfonia de proporções e vibrações, onde cada ser vibrava segundo um número secreto.
Os primeiros quatro números (1, 2, 3 e 4), somados, resultam em 10 — o número sagrado da Tétrade. Esta soma representa a totalidade, a perfeição, o retorno ao Uno. Eis a célebre pirâmide pitagórica:
1
2 2
3 3 3
4 4 4 4
A Tétrade era usada como símbolo do cosmos ordenado e harmónico. A realidade era compreendida como uma emanação numérica, onde o número 1 representava a Unidade Divina, o 2 a dualidade, o 3 a trindade espiritual, e o 4 a manifestação do mundo físico.
Música das Esferas – A Melodia Cósmica
Pitágoras escutava o cosmos — literalmente. A sua teoria da “música das esferas” descrevia o movimento dos corpos celestes como uma sinfonia inaudível aos ouvidos humanos, mas perceptível à alma purificada.

Acreditava-se que os planetas produziam sons ao mover-se — como cordas vibrando no éter. Cada um emitia uma nota proporcional à sua órbita, criando uma harmonia universal.
Esta ideia influenciou profundamente a astrologia, a alquimia, o Hermetismo e a Cabala. Na visão pitagórica, viver em harmonia consigo e com o mundo era alinhar-se com essa música invisível, com o ritmo do todo.
“A alma é uma harpa divina; cabe-nos afiná-la para que ressoe com a melodia do universo.”
A Vida como um Ritual Filosófico
A escola pitagórica não era uma simples academia — era um círculo iniciático. Os discípulos passavam por longos períodos de silêncio (o esoterikos) antes de serem autorizados a ouvir os ensinamentos secretos (akousmatikoi).
Viver como um pitagórico era viver com propósito, simplicidade, devoção à ordem, à justiça e ao número. A alimentação era vegetariana. Havia códigos para a respiração, para os rituais diários e para a contemplação silenciosa. Tudo era sagrado.
Pitágoras via a alma como imortal, sujeita a transmigração (metempsicose). A vida presente era apenas uma etapa do grande ciclo da alma. Por isso, a busca era pela purificação espiritual, pelo domínio das paixões e pela ascensão à luz.

Diz-se que Pitágoras foi o primeiro homem a chamar-se a si mesmo de Filósofo e é a ele que o mundo lhe deve esta palavra. Antes os homens cultos eram chamados de Sábios (aqueles que sabem). Mas Pitágoras era modesto e cunhou o termo filósofo como (aquele que tenta saber).
Geometria Sagrada – O Corpo como Templo
Pitágoras e seus discípulos viam no triângulo, no quadrado e no pentágono símbolos das leis do espírito. Cada forma geométrica continha uma vibração, uma função, uma doutrina oculta.
A célebre afirmação “O homem é a medida de todas as coisas” adquire aqui novo sentido: o corpo humano é um microcosmo, estruturado segundo as mesmas proporções do universo. O pentagrama pitagórico, por exemplo, era símbolo da saúde e da perfeição, com as proporções da divina razão — a proporção áurea (φ).

Hoje, ainda vemos estas formas sagradas nas catedrais góticas, nos mandalas tibetanos, nos símbolos maçónicos — todos ecos da antiga ciência pitagórica.
Pitágoras e a Alquimia Interior
Na tradição esotérica, Pitágoras para além de um matemático: foi um alquimista da alma. Os seus números descreviam a matéria e transformavam a consciência.
Cada número correspondia a uma virtude, a uma etapa da jornada interior. Era possível mapear a elevação do espírito através do estudo das proporções e das frequências. A matemática tornava-se um espelho para a alma — e o estudo dos números, um caminho de ascensão.
O número 7, por exemplo, era símbolo da completude espiritual — 3 (o espiritual) + 4 (o material). O 9 era o fim de um ciclo. O 12, número dos iniciados (como os signos, os apóstolos, os trabalhos de Hércules), indicava passagem, maturidade, domínio.
Harmonia: O Convite Silencioso
A sabedoria pitagórica não exige crença — exige escuta. Escutar o som invisível da criação, escutar os ritmos do corpo, da natureza, da alma.
Ser um “filho de Pitágoras” é aprender a viver em proporção, em beleza, em compasso. É caminhar no tempo sem perder o eixo. É saber que cada escolha, cada gesto, cada pensamento, vibra — e cria forma no invisível.
No fundo, a harmonia pitagórica é um convite à coerência entre o pensar, o sentir e o agir — uma santíssima trindade que, quando unificada, desperta o divino em nós.
Nos dias de hoje ser um «filho de Pitágoras» é manter-se em silencio no meio do ruído urbano, é respeitar o próximo, é sacramentar a natureza, é não cair nos excessos em todos os sentidos, é sermos Uno, o Espírito com o Corpo, e Uno entre todos nós e com o Todo! Unifica-te em mente e espírito e age de acordo!
“A alma que conhece o número, conhece o seu caminho de volta às estrelas.”
«Que possas ouvir, no silêncio do teu ser, a nota da tua própria alma».
Até à próxima crónica!
Namasté!
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