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Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses

Vitor Marreiros, artista de Macau, já elabora  cartazes sobre o 10 de junho há mais de 30 anos. São sempre trabalhos onde se procuram realçar símbolos da história de Portugal, de Macau e da Lusofonia, numa perspetiva histórica, mas também incluindo elementos recentes. O modelo encontrado é muito interessante pois possibilita, de forma divertida, identificar personagens de alguma forma relacionados com o tema

O primeiro trabalho surgiu em 1990, ano em que, curiosamente, também criou a decoração das viaturas do II Raide Macau Lisboa, onde já se realçavam temas ligados à história dos descobrimentos. Era um cartaz em que os tons acastanhados dominavam, como se Vitor Marreiros ainda procurasse a formula para representar uma data que começou por ser um feriado municipal em Lisboa, dedicado a Camões, elevado pelo Estado Novo a feriado nacional, como o «Dia de Camões, de Portugal e da Raça». Com o 25 de abril, este dia passou a ser designado como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses.

Em cada cartaz o autor procura refletir a contemporaneidade: em 2021 o trabalho era cinzentão, sugerindo o que se vivia na altura no mundo, a pandemia; em 2009 um galo preto a fazer lembrar Camões, ou um Camões dentro da pele de um galo de Barcelos, uma vez que, para o designer, “além de ser um elemento visualmente muito bonito, o galo de Barcelos já atingiu uma maturidade que faz com que o considere um símbolo português.”; em 1999, ano da transferência de soberania de Portugal para a República Popular da China, uma colagem de símbolos abstratos sobrepostos por uma esfera armilar, talvez para  fazer recordar a componente lusófona de Macau.

Afirma o autor que “às vezes repito Camões, tenho dez versões dele, ou vinte versões do mar. Tento sempre equilibrar Camões, a comunidade e a história. Ao longo dos anos os cartazes foram mudando de estilo e é um amadurecimento como designer. Nunca fiz questão de manter o mesmo estilo, mas sinto que o mar também fala português!”

“Com a idade, tornei-me mais livre”, diz. “Não menos sério, mas mais atrevido, mais brincalhão, mais colorido.” As imagens figurativas que povoam os cartazes do 10 de Junho de outros anos (o de 2005 é o de maior densidade populacional) surgiram depois de um período “mais estilizado”, que deixou marcas no design do território.

No cartaz deste ano foram realçados não apenas os 500 anos dos Descobrimentos mas também os 50 anos sobre o nascimento de Camões. Inclui personagens de Macau e de Portugal (Sara Tavares e Artur Jorge), em todos os cartazes refere valores e memórias pessoais.

Vale a pena conhecer os trabalhos de Vitor Marreiros.

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Joaquim Correia
Joaquim Correia
“É com prazer que passo a colaborar no jornal Regiões, até porque percebo que o conceito de “regiões” tem aqui um sentido abrangente e não meramente nacional, incluÍndo o resto do mundo. Será nessa perspectiva que tentarei contar algumas histórias.” Estudou em Portugal e Angola, onde também prestou Serviço Militar. Viveu 11 anos em Macau, ponto de partida para conhecer o Oriente. Licenciatura em Direito, tendo praticado advocacia Pós-Graduação em Ciências Documentais, tendo lecionado na Universidade de Macau. É autor de diversos trabalhos ligados à investigação, particularmente no campo musical

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